Auditoria passa a ser transmitida no YouTube e número de urnas eletrônicas testadas triplicam para eleições presidenciais
Durante o período eleitoral de 2022, poderemos observar as propostas e os valores de cada candidato antes de darmos o passo decisivo da escolha nas urnas. Porém, além desses fatores, também é importante entender como funciona o processo em si, incluindo as mudanças anunciadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na auditoria das urnas eletrônicas.
A auditoria é um processo pelo qual se confere o uso correto das urnas eletrônicas e é realizada por todos os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) por meio de amostragem e confere a captação e a apuração dos votos. Em decisão aprovada pela Corte, o número de urnas que passarão pela auditoria externa triplicou, após o aumento da desconfiança da população na exatidão dos resultados das eleições.
As urnas auditadas são selecionadas por sorteio e encaminhadas na véspera para o local escolhido, algumas cédulas em papel são preenchidas e depositadas em uma urna de lona, para que, no dia da auditoria, os participantes digitem esses votos na urna eletrônica e no sistema de auditoria. Após a contagem dos votos, o resultado da apuração é comparado com o do Boletim da Urna, se estiverem compatíveis, é comprovada a confiabilidade da urna. Os auditores emitem relatórios do processo e é possível ver todos eles (de todos os estados) no site do TSE.
Em local público, com a presença de representantes de partidos políticos e advogados da OAB (Ordem dos Advogados da Brasil) ou do Ministério Público, a auditoria será transmitida pelo canal do youtube de cada TRE, outra mudança aprovada pela Corte para o período eleitoral de 2022.
De acordo com o texto aprovado, as alterações passam a valer também para eleições de prefeitos e vereadores de todas as zonas eleitorais do País.
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Segurança das urnas
As urnas eletrônicas funcionam há 26 anos, sendo adotadas justamente para eliminar as fraudes que aconteciam com a intervenção humana, tornando o processo mais rápido e transparente. Apesar disso, de acordo com pesquisa do Datafolha, 69% dos entrevistados demonstraram confiança nas urnas eletrônicas, enquanto 29% diz o contrário. Segundo a mesma pesquisa, existe uma crescente no número de pessoas que também querem a volta do voto impresso no Brasil.
Desde 2020, nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em que Joe Biden saiu vencedor e seu oponente, Donald Trump, tentou diversos recursos para questionar a contagem de votos, a questão também foi levantada pelos eleitores brasileiros.
Lídia Matos, coordenadora da escola judiciária do TRE de Sergipe, explica a motivação do aumento do número de urnas auditadas. “As urnas eletrônicas são usadas desde 1996 e nunca foram questionadas como agora. O aumento da desinformação e a propagação de Fake News levou o TSE a uma preocupação em aumentar a transparência. O aumento foi em mais de 100%. Após demanda de uma ação conjunta da Polícia Federal, Ministério Público e Forças Armadas solicitando, foi tomada essa atitude. Se não há o que temer, por que não aumentar?”.
Ela também opina sobre essa dúvida: “Se as urnas fossem tão vulneráveis e fáceis de manipular, não teríamos alternância de poder. Saímos da direita para a esquerda, da esquerda para a direita e nas últimas eleições municipais, tivemos renovação nas câmaras.”
Lídia também fala sobre os custos da auditoria: “Em Sergipe, com 15.000 sessões, o número passou de 3 para 20 urnas auditadas. Pode parecer pouco, mas em termos de custo, se torna um absurdo. Em algumas localidades, é preciso buscar a urna de avião, por conta do tempo de deslocamento. Gerou um custo muito elevado”.