Gibis, camisetas e doideira: Loja Monstra é ponto de encontro para os fãs de quadrinhos em São Paulo - Revista Esquinas

Gibis, camisetas e doideira: Loja Monstra é ponto de encontro para os fãs de quadrinhos em São Paulo

Por Felipe Parlato : junho 28, 2022

Escada que leva ao andar que abriga a Loja Monstra, na praça Benedito Calixto.

Mantendo a tradição dos gibis viva entre as gerações, Loja Monstra reúne eventos da cultura de quadrinhos para competir com o e-commerce

É no primeiro andar do número 158 da Benedito Calixto, prédio vermelho nos arredores da praça onde aos sábados se acomoda a tradicional Feira de Antiguidades, que se ergue um dos mais icônicos pontos de encontro em São Paulo para os aficionados em quadrinhos e gibis. A Loja Monstra, antiga Gibiteria, salta aos olhos daqueles que cruzam sua fachada. 

As artes temáticas dispostas nos vidros das janelas, trabalho do desenhista Benson Chin, se estendem ao interior do ambiente. A começar pela escada, decorada com uma série de palavras misturadas aos desenhos, que a cada degrau deixa menos dúvidas ao visitante do que o espera no topo. Não só muitos gibis, camisetas e “doideira”, como uma recepção calorosa do dono do lugar, Guilherme Lorandi, de 29 anos. 

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Escada que leva ao andar que abriga a Loja Monstra, na praça Benedito Calixto.
Felipe Parlato

Origem da marca gibis

Com pouco mais de três anos de idade, o espaço surgiu como uma revitalização da antiga Gibiteria, que fechou em 2018 com a aposentadoria de seu antigo dono. Guilherme, que já era funcionário, teve a iniciativa de assumir o espaço e transformá-lo em algo novo. “Montei a Monstra de uma forma bem familiar mesmo. Meu pai e meu tio me ajudaram com as estantes e os móveis, e o meu primo ajudou a pintar”, conta.  

Durante os primeiros meses de organização, havia muitas incertezas. Lorandi conta que, graças ao apoio dos amigos, manteve a determinação, e, no dia da inauguração, respirou aliviado. “ as vendas foram boas, foi quando consegui pagar o aluguel.  Pensei, ‘é isso’ ”. 

A atenção ao cliente e o ambiente diferenciado são os principais diferenciais do lugar. É o que conta Vinicius Gabriel Gonçalves, 26 anos, professor de inglês e literatura e cliente da Loja Monstra desde o seu início. “O principal diferencial é o atendimento. Eu vim aqui no meu dia de folga porque sei que vou comprar meu gibi, trocar uma ideia, e não ter só uma experiência meio burocrática com a coisa, em menos de 15 minutos”, diz. 

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De pai para filho gibis

Apaixonado por quadrinhos “desde que se conhece por gente”, o gosto de Vinícius pela nona arte vem da infância, das revistas que seu pai assinava. Sobre isso, relembra: “meu pai assinava Disney, Turma da Mônica… todo mês tinha gibi novo em casa. Então fui criando esse gosto, até a adolescência, quando comecei a me aprofundar mais”. 

Servindo como ponto de encontro de fãs e colecionadores de quadrinhos, a loja também proporciona diversos encontros, que vão desde figuras da cena, passando por artistas iniciantes, até músicos. “É legal que entra gente de todo tipo aqui. Outro dia entrou o vocalista do Baianasystem, o Russo, disse que era fã da loja, conversamos, foi super legal”, conta Guilherme. 

Competindo com o e-commerce

Com o crescimento cada vez maior do comércio online, sobretudo em lojas como a Amazon, esse tipo de espaço se vê ameaçado. O ambiente, eventos e outros produtos são uma forma encontrada pelos lojistas para compensar a praticidade do e-commerce e os preços da gigante americana, impraticáveis em negócios menores. 

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Camisetas, bonés, bebidas e bonecos são algumas coisas que recheiam a loja.
Felipe Parlato

“Uma das coisas que eu mais gosto de fazer na loja é criar coisas novas, tipo boné, camiseta, alguma ação, campanha, algo que envolva a arte do Benson, trabalhar com os meus amigos próximos”, explica o dono. A ideia é que a Monstra não seja só uma loja, mas um ponto de desenvolvimento da cena. Um cliente disse isso uma vez, e é o que eu busco.” A loja já trouxe artistas como João Pinheiro e Camilo Solano, além dos já costumeiros eventos de aniversário. 

O Ano 1 trouxe David Lloyd, famoso desenhista da HQ V de Vingança. No Ano 2, marcado pela pandemia, foi a vez de um recado gravado por Neil Gaiman, escritor e quadrinista. O Ano 3 trouxe a maior novidade de todas, o anúncio da Editora Monstra, que tem como proposta publicar quadrinhos da cena underground nacional e internacional. Contando atualmente com dois lançamentos, um nacional e um internacional. Sobre o próximo passo, o dono não revela muito, mas diz buscar trazer um quadrinho que já está fora de catálogo há 20 anos.  

As comemorações são acompanhadas de pôsteres, que trazem um pouco do que marcou o último ano. Conforme a loja se aproxima do seu quarto ano, Lorandi vislumbra um futuro promissor: “Daqui a 10 anos, você vai olhar para os pôsteres de aniversário e eles vão contar uma história”. 

Editado por Juliano Galisi

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