De tradição familiar a hobbie entre grupos de amigos, entenda como as trocas de figurinhas impactam a cultura urbana de São Paulo
De 4 em 4 anos, o mundo inteiro volta suas atenções para a Copa do Mundo. No caso do Brasil, espetáculo e emoção vão para além das partidas. Presente desde 1970, o álbum de figurinhas é atração garantida em ano de Copa. Seja nas bancas, nas escolas ou mesmo em shoppings, a febre de trocas de figurinhas passou pelo menos uma vez na vida da maioria dos brasileiros.
A venda do álbum de figurinhas começava geralmente por volta de março, pouco antes do início das Copas, tradicionalmente realizadas no meio do ano. A edição de 2022, porém, será atípica: o Catar, sede do mundial, registra altas temperaturas nos meses de junho e julho que impossibilitaram a realização das partidas no período usual, afetando também o lançamento do álbum. Mesmo com a ausência das figurinhas no primeiro semestre e o aumento do preço, as vendas alavancou.
A fim de entender as expectativas de vendas, a reportagem de ESQUINAS conversou com alguns jornaleiros de bancas próximas à Faculdade Cásper Líbero um dia antes do lançamento dos cromos. Entre os quatro entrevistados, houve consenso numa grande estima pelas vendas do álbum. Um dos principais fatores para os donos de banca estarem otimistas foi a repercussão gerada nas redes sociais como TikTok e Instagram.
Veja mais em ESQUINAS
20 anos do penta: relembre a trajetória da Seleção Brasileira na Copa de 2002
“Salve-nos, Seleção”: a relação entre a ditadura de Médici e a Copa de 1970
Sede da Copa 2022, Catar ainda coloca futebol feminino em segundo plano
Novidades em 2022
No álbum de 2022, a editora Panini trouxe a novidade das figurinhas extra. Os pacotes podem conter uma figurinha a mais, o que vem mobilizando massivamente a comunidade de colecionadores.
Separadas em categorias de Legends (lendas), Rookies (novatos) e estampadas com cores que variam do bordô ao ouro – a depender da raridade do cromo -, é possível encontrar algumas delas sendo vendidas em sites de classificados por mais de R$ 1000,00.
Mantendo a tradição
Além disso, a Panini estabeleceu pontos oficiais de trocas e compra de figurinhas em diversos shoppings de São Paulo. Um dos principais fica no Morumbi Shopping, na Zona Sul da capital paulista. Localizado no Piso Térreo, ao lado de um gramado sintético, colecionadores amontoam-se para negociar suas cartas. E nem mesmo um domingo chuvoso e frio foi capaz de impedir a confraternização.
Há diversos perfis entre os presentes, que variam entre adultos, crianças, famílias e amigos. Os fatores que mais estimulam as trocas de figurinhas são a tradição familiar e o ciclo de amizades. João Pedro Ramos, estudante de 18 anos, afirma ter aderido a essa cultura por influência do pai: “Comecei a colecionar junto com ele em 2010. Quanto ao preço, não chegou a me desestimular, já que a gente coleciona desde essa Copa da África do Sul”.
Febre das figurinhas
Um dos colecionadores presentes no Morumbi Shopping, que preferiu não se identificar, reafirma esse compromisso com uma tradição longeva: “Eu comecei porque era uma febre na escola, se eu não trocasse na escola eu era excluído. É a primeira Copa que sou assalariado, então não me importei com o valor”
As expectativas dos jornaleiros foram atendidas e a mania das figurinhas pegou de vez. No momento da publicação desta reportagem, a Banca Gazeta, em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, encontra-se com pacotinhos esgotados e sem expectativa de chegada de novos cromos. Os colecionadores, enquanto isso, continuam sua caçada para completar mais um álbum da Copa do Mundo…