Bragantino foi pioneiro na adesão ao novo modelo de gestão entre clubes brasileiros; depois da SAF, como fica a relação do torcedor com o time do coração?
Clube-empresa, SAF, donos e acionistas: o mundo do futebol vem se acostumando a novos termos e realidades nos últimos anos. As principais mudanças tangem a administração dos clubes, cada vez mais ligadas em noções de gestão profissional e eficiência. Neste contexto, surge a tendência de converter a modalidade de CNPJ das principais equipes do país, que deixam a categoria de clube social para operarem em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). No cenário nacional, um dos clubes pioneiros neste modelo – e um dos primeiros casos de sucesso – é o Red Bull Bragantino.
O Braga não é oficialmente sociedade anônima, mas passou por uma adaptação completa no modelo de gestão. Quando o tema das SAFs entra em pauta numa mesa redonda, uma das maiores incógnitas é imaginar como fica a paixão do torcedor com o clube de ações compradas por um investidor externo.
A equipe de Bragança Paulista passou pela conversão em clube-empresa recentemente e alcançou grandes conquistas com essa parceria. como o vice-campeonato na Copa Sul-americana e a primeira participação na história na Copa Libertadores.
Os resultados estão evidentes, mas como está a relação entre torcedor e clube? ESQUINAS quis ouvir diretamente de quem vai às arquibancadas do Nabi Abi Chedid as opiniões sobre essa mudança tão repentina. Os torcedores, afinal, ainda se sentem próximos do clube?
Fanatismo e mudanças
O fã Rodrigo Garcia é o típico torcedor “fanático”: estampou na pele os escudos do Bragantino e, agora, conta também com uma tatuagem da marca Red Bull. “A princípio, a ideia de clube empresa assustou a todos, mas conforme a evolução foi acontecendo, com as conquistas ocorrendo, todo mundo foi compreendendo. Essa é a realidade do futebol”, afirma. Sobre as novidades, Rodrigo destaca a área de interação dos torcedores patrocinada pela Red Bull. “Foi uma troca boa para ambas as partes . Assim como a torcida deve agradecer a Red Bull, tal qual a Red Bull deve agradecer ao Bragantino”, completa.
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A torcedora Nayara Amábile faz parte da torcida Fanáticos do Puleiro e acompanha a equipe desde a Série C. Para ela, o investimento da Red Bull veio para ajudar o Bragantino. “Essa união promoveu que novos patrocinadores chegassem até a equipe e até mesmo as pessoas da região dessem maior credibilidade para o clube”, diz. Um ponto que mexeu com a relação da torcedora é o mascote. Ela tinha um carinho muito grande pelo Leão, hoje substituído pelo Touro. “Mas essas mudanças vieram para a evolução do clube e que não afastaram a torcida, que é a base do time. Sem ela, nada é possível”, ressalta Amábile.
Voos maiores para o Bragantino
Já para Marcelo Lima, que acompanha a equipe há 15 anos, o Bragantino estava prestes a fechar as portas. “Então, a parceria foi de extrema importância não só para o clube mas para a cidade e região”, argumenta.
Ainda que nunca tenha sido considerado um clube grande, o Bragantino possui torcedores de diferentes nacionalidades. É o caso do argentino Ezequiel Rodríguez, que acompanhando a equipe de Bragança Paulista desde quando se mudou para o Brasil. Ele afirma que, inicialmente, sentiu desconfiança, mas valoriza a participação do clube na Libertadores. “Por aqui, vejo um público maior nos jogos, mas essa parceria em clubes maiores pode não ter o mesmo efeito positivo”, pondera.
A relação torcida e clube-empresa vem caminhando em harmonia em Bragança Paulista. Além de ter se destacado nos campeonatos disputados, o time firmou uma nova patrocinadora de artigos esportivos e lançou a sua nova coleção denominada Movidos por Sonhos, agora com a New Balance. Além disso, o clube apresentou o projeto da Arena do Red Bull Bragantino.