Papel do esporte na vida dos jovens será repensado no pós-covid. Como se insere a educação física nesse contexto?
A disciplina de educação física é uma matéria obrigatória na grade escolar, conforme as diretrizes básicas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Considera-se que a prática de atividade física traz diversos benefícios à saúde e, no contexto escolar, gera cooperação e socialização entre os estudantes. Além de tudo, claro, a educação física é a matéria favorita de muita gente. No contexto do isolamento social, entretanto, muita coisa mudou.
Daqui em diante, com a retomada das atividades presenciais e a partir de um novo entendimento em saúde pública, a prática de esporte terá um papel ainda mais importante no contexto escolar, destacam especialistas ouvidos pela reportagem de ESQUINAS. Conversamos com professores e autoridades do meio para compreender o que mudou na educação física e o que virá a partir do novo contexto de pós-covid.
Sedentarismo, epidemia silenciosa
A pandemia de covid-19 modificou o funcionamento de todas as atividades econômicas e setores da sociedade. Nas instituições educacionais, não foi diferente. Escolas e universidades estiveram na dianteira do isolamento social, sendo as primeiras organizações a cessarem as atividades presenciais. Dessa maneira, ocorreu um aumento do sedentarismo entre os jovens.
De acordo com um levantamento com mais de 40.000 entrevistados realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 62% dos brasileiros ficaram sem realizar atividade física durante a pandemia. Há reflexos desse índice também entre jovens e nos colégios.
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A disciplina de educação física
O professor de educação física Wemerson Messias, 38 anos, relata que a disciplina esteve em um corredor estreito durante a pandemia. ”Tivemos uma participação muito ruim durante as aulas online, houveram aulas teóricas e prática. Utilizamos de referência, lives de profissionais para nos inspirarmos, fazendo exercícios nos ambientes cotidianos, utilizamos panos, cadeiras, entre outros objetos”, declara Wemerson.
Messias também destacou a importância de se introduzir os jovens ao meio esportivo. “Aqui no colégio, a escola propôs a cada aluno um ponto na média para quem participasse dos jogos escolares a fim de incentivar. Nosso objetivo não era fazer o estudante se sentir forçado a participar, mas com sua participação, ele poderia entender mais e começar a criar um gosto”, aponta o professor.
Retomada e futuro
Para Thiago Baba, estudante da Faculdade Cásper Líbero, presidente do Centro Acadêmico Vladimir Herzog (CAVH) e atleta de volêi, a retomada foi mais complicada nos primeiros meses de retorno ao presencial. “Foi bem difícil assimilar tudo no início, sentia muito cansaço por ficar muito tempo parado”, declara o estudante.
Ademais, Thiago também relatou que após o período de isolamento, conseguiu conhecer mais os outros estudantes e estar mais próximo dos amigos. O fator de sociabilidade, intríseco ao esporte, ressalta ainda mais o papel da educação física nas escolas daqui em diante.