Hoje trabalhando com logística, o ex-atleta Wesley da Silva Santana conta seus desafios e experiências no meio futebolístico
Ser um atleta não é uma tarefa fácil. Principalmente quando o objetivo é se tornar um profissional, é comum que o atleta arrisque todas as suas fichas e faça escolhas que podem mudar suas vida.
Para Wesley da Silva Santana, mais conhecido como Lelo, suas principais dificuldades se deram por conta de sua origem periférica e humilde. Algumas vezes, ele não tinha dinheiro para a condução ou para lanchar na rua, e recebia auxílio de amigos do futebol de várzea que o apadrinharam e cobriam alguns custos.
Lelo começou a jogar futebol por influência de seu pai, que tentou a carreira como jogador mas foi impossibilitado de seguir após sofrer um acidente de carro aos 28 anos. O sonho do pai não acabou por aí, pois conseguiu refletir esse sonho em seu filho, o Lelo.
Com 6 anos, ele começou a jogar futebol em escolinhas e durante a adolescência, em times de várzea. Com incentivo de seu pai, Lelo também tentou a sorte em peneiras de times como Palmeiras, São Paulo e Portuguesa – onde foi aceito com 15 anos para atuar como volante, sua posição de origem e às vezes como meia-esquerda.
Apesar do apoio de seu pai, a mãe de Lelo sempre foi receosa com sua carreira no futebol. Contudo, ele conta que em um período em que ele treinava na base de clubes paulistas, não era remunerado, o que dificultava suas tentativas de ingressar no meio profissional.
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Porém, nada o impediu de realizar o sonho de qualquer menino: se tornar um jogador de futebol profissional. Em 2006, Lelo foi contratado pelo FC Ascona (SUI) para a disputa da 2º Liga Interregional.
Nessa nova fase, sua principal dificuldade foi se ambientar: “quando eu fui para a Europa eu estava chegando em um inverno de -10 Cº e eu acabava de sair de um país tropical. Além do fato de ser estrangeiro, pois você chegava em um lugar que você está praticamente roubando o lugar de jogadores que já estavam ali, existia esse preconceito, não passavam a bola, olhavam torto, mas como eu já tinha bastante personalidade, fui me impondo tecnicamente, mas sempre fui um rapaz gente boa e depois me tornei amigo de todos”.
Para Lelo por estar em outro continente, o que mais sentiu falta foi de sua família. Saudades que se encerrou dois anos depois, quando voltou para o Brasil para jogar na AEA (Associação Esportiva Araçatuba), quando o time obteve a licença da FPF (Federação Paulista de Futebol) em 2008.
Sua vida muda novamente no ano seguinte, quando recebeu uma proposta para jogar no futebol Romeno pelo FC UTA Arad. Nesse clube o jogador passou a maior dificuldade de sua carreira, ficou quatro meses sem receber salário: “Sempre tive onde dormir e o que comer, mas a ausência do salário me impediu de ajudar minha família como era de costume, apesar de não receber um desses salários extraordinários por estar jogando em um clube de 3º divisão, o que fez com que minha ex-mulher me ajudasse financeiramente do Brasil com meu filho recém-nascido”.
Após essa curta passagem retornou ao Brasil em 2012 e desistiu de sua carreira no futebol, reencontrou sua família e deu um novo passo em sua vida, iniciando carreira na área de logística por necessidade.