A banda formada em 2004 encerra suas atividades depois de 19 anos de existência e com diversos hits. Seu último álbum foi lançado em 2022
Os fãs da banda Panic! At the Disco foram pegos de surpresa na manhã do dia 24 de janeiro, quando o vocalista Brendon Urie anunciou a separação da banda. O motivo, segundo ele, é a chegada de seu filho junto com sua esposa Sarah.
O cantor diz, em carta aberta aos fãs, que quer dedicar todo seu tempo e sua atenção à sua família, e agradece o apoio de todos os ouvintes nesses quase 20 anos.
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A história
A banda foi criada em 2004 com quatro membros principais: o guitarrista Ryan Ross, o baixista Brent Wilson, o baterista Spencer Smith e o vocalista Brendon Urie. Logo no ano seguinte e com o auxílio do baixista da banda Fall Out Boy, Pete Wentz, a banda lançou seu primeiro álbum de estúdio: “A Fever You Can’t Sweat Out”, que contém uma das músicas mais famosas do grupo: “I Write Sins Not Tragedies”.
Após alguns desentendimentos em 2006, Brent foi desligado da banda e John Walker se tornou o novo baixista. Em 2008 é lançado o segundo álbum, “Pretty Odd”, contendo alguns outros sucessos da banda como “Nine In The Afternoon”.
Já em julho de 2009 ocorre outra ruptura: Ryan Ross e John Walker saem da banda por “divergências criativas” com Brendon Urie. Menos de um mês depois, a banda anunciou que Ian Crawford e Dallon Weekes iriam suprir as saídas recentes na turnê em conjunto com a banda Blink-182.
No final do mesmo ano, a banda lança “New Perspective”, música presente no filme Garota Infernal. Ao fim da turnê, Dallon é confirmado o novo baixista do grupo. O terceiro álbum, “Vices & Virtudes”, foi lançado em 2011 e trouxe “Sarah Smiles”, “Let’s Kill Tonight” e a mais famosa delas, “Ballad Of Mona Lisa”.
Seis meses depois, o single “Mercenary” é lançado, incluído na trilha sonora do jogo eletrônico Batman: Arkham City.
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Em 2013, o grupo lança seu quarto álbum “Too Weird To Live, Too Rare To Die”, que estreou em segundo lugar na Billboard. Foi o começo do grande sucesso que foi consolidado em 2016, com o novo álbum “Death Of A Bachelor”, estreando no primeiro lugar da Billboard, batendo o álbum “25”, de Adele, e “Purpouse”, de Justin Bieber. Também chegou ao Reino Unido diretamente na 4ª posição e “Victorious”, primeira música do álbum, tocava repetidamente na BBC Radio 1, uma das maiores estações de rádio.
Em dezembro de 2017, mais uma saída: após oito anos, o baixista Dallon Weekes se desligou do grupo. No início de 2018, após um show em Ohio, Nicole Row foi oficializada como a nova (e última) baixista da banda.
Em junho do mesmo ano, o sétimo álbum veio a público: “Pray For The Wicked”, que, assim como seu antecessor, estreou no primeiro lugar da Billboard, liderado pela canção “High Hopes”. Parecia que a banda estaria voltando a seus dias de glória, com a grande repercussão do álbum.
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O próximo lançamento, e último antes da separação, chegou em agosto de 2022, chamado “Viva Las Vengeance”. Ele destoa do seu antecessor e traz uma pegada diferente, o que não agradou muito os fãs. As músicas relembram os dois primeiros álbuns da banda, mas um pouco mais puxado para o rock clássico dos anos 1970/1980.
Independente de gostar ou não, é inegável que a banda marcou uma geração, principalmente do punk e do pop-rock e ganhou diversos prêmios ao longo dos 19 anos de existência. Foram 36 indicações e 9 vitórias. Confira abaixo todos os triunfos:
A perspectiva dos fãs
O anúncio do encerramento da banda deixou o público em choque. Responsáveis por fã clubes da banda foram pegos de surpresa com o comunicado: “Estou sentindo o que provavelmente reconheceria como uma forma de luto. Entorpecimento, descrença, tristeza. Ao mesmo tempo, estou muito feliz por eles estarem esperando um bebê”, conta Rose Jones, 39, do fã clube ”Panic! at the discotheque”.
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Anastasya Soward, 21, partilha das mesmas emoções que Rose. A jovem de Sacramento (Califórnia) é a criadora do fã clube “Brendon Uries Closet” e explica que conhece a banda desde seus 12 anos, quando um amigo lhe mostrou a música “I Write Sins Not Tragedies”. “Estou triste porque está acabando e tem sido uma grande parte da minha vida. Realmente ainda não acredito nisso”, explicou a jovem sobre sua reação com o fim dessa era.
A californiana ainda ressalta o papel que a banda teve em sua vida: “Eu viajei para diferentes estados com outros fãs que conheci e fui a shows com eles, fiz tantas memórias. É realmente uma comunidade incrível. Há muito ódio por coisas que ele fez no passado quando adolescente, mas se você fizer sua pesquisa, verá que são apenas rumores falsos”.
Essa questão também foi explicitada por Rose: “Nos últimos anos, a ascensão dos abutres da cultura do cancelamento tornou realmente difícil ser um fã do Panic”.
A fala das moças diz sobre os rumores veiculados no final de 2020, referentes a acusações de estupro e pedofilia por parte do vocalista. O caso começou após denúncias de assédio sexual no Twitter. Porém, dias depois, uma conta anônima veiculou um post desmentindo tudo.
“Brendon foi bode expiatório por seus erros do passado. Ninguém queria ouvir os fatos, eles só queriam vomitar ódio. Isso tornou o fandom um lugar difícil de se estar. Mas aqueles de nós que estão aqui, amam e apoiam muito Brendon”, acrescenta Jones.
Apesar do lado polêmico, a banda deixa um legado de memórias na vida dos fãs.
“Nunca esquecerei sua música, sua incrível presença de palco ou o doce homem que acredito que ele é. Desejo-lhe muita sorte quando se tornar pai. Ele colocou seu filho e sua esposa acima da fama e do dinheiro. Em um mundo onde muitos pais falham com seus filhos, ele já está mostrando que grande pai será.”, finaliza a responsável pelo “Panic! at the discotheque”.
Visão dos especialistas
Mesmo com todas as polêmicas e desligamentos de muitos membros, nada disso contribuiu para o fim da banda, de acordo com Rafael Lima , redator do “Mix me!”. Ele diz que Brendon conseguiu atravessar bem todas essas adversidades e conduziu bem o Panic! como um projeto. Rafael acredita que o fim das atividades se dá totalmente pelo vocalista querer dedicar seu tempo a seu filho.
O jornalista também disse que o anúncio da separação não afeta a trajetória da banda e não irá causar impacto negativo na memória dos fãs:
“Acho que a banda construiu um bom legado ao longo dos anos. Primeiro como um dos grandes grupos do auge da cena emo dos anos 2000 e depois como um projeto solo mais voltado para o pop que rendeu novos hits e formou um novo público para Brendon Urie.”
Tony Aiex, fundador e CEO do portal “Tenho mais discos de amigos”, concorda com Rafael e nos contou que o fim da banda não se deu pelas polêmicas. Os dois também acreditam que existe uma possibilidade de Brendon seguir na indústria musical, com um projeto solo ou revivendo a banda. Tony destacou que o grupo ficará marcado e até fãs de outras bandas se lembrarão do grupo.
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A redatora Manuela Sant’Ana , do site de notícias Tracklist, ainda agrega: “As pessoas vão lembrar de quem foi o Panic! em um geral, ainda vão usar de referência e influência pelo que foram, não pelo que deixarão de lançar. E, por outro lado, sempre há espaço para bandas novas se apresentarem e manterem o emo vivo”.
Formada em Comunicação Institucional pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), a redatora alega que esse impacto é resultado da intensa trajetória de mais de duas décadas dos integrantes do grupo:
“Segundo a adaptação dos diferentes estilos para épocas mais atuais, abrangendo mais fãs, puxando um pouco mais para o pop, músicas com maior potencial de viralizar e grudar na cabeça. Eles conseguiram seguir essas tendências”.
A jornalista, diferente dos nossos outros dois entrevistados, diz que as polêmicas afetaram o “grupo”, por mais que não tenha sido de forma imediata e Brendon era o único membro remanescente da formação original. Ela nos falou que não acharia estranho se a banda acabasse para evitar novas polêmicas, mas veio em um bom momento para a vida pessoal do vocalista.