Apps e ética: o debate da 99 sobre regulamentações e segurança - Revista Esquinas

Apps e ética: o debate da 99 sobre regulamentações e segurança

Por Gustavo Ávila De Rosa (1º ano) e Julia Xavier Tortoriello : abril 21, 2023

O evento ocorreu na última segunda-feira (17). Foto: Dan Gold / Unsplash

A 99, em evento na Cásper Líbero, comenta sobre as regulamentações do trabalho e a transparência quanto à segurança em apps de mobilidade.

Na última segunda-feira (17), a 99 App realizou duas palestras na Faculdade Cásper Líbero junto às turmas de Relações Públicas do 3º ano. No período da manhã, as novas regulamentações no setor de aplicativos para mobilidade foi a pauta principal. Já à noite, o assunto foi o desenvolvimento de transparência na comunicação sobre responsabilidade corporativa em segurança, integridade e sustentabilidade. Os palestrantes Jairo Tcherniakovsky, diretor global de compliance da 99, e Jéssica Herbert, gerente de compliance no Brasil tinham como objetivo, a criação de um ambiente que estimulasse a criatividade dos alunos para que, a partir do que foi dito na palestra, pudessem, em grupos, produzir possíveis soluções para essas questões. As propostas vencedoras poderão se integrar ao funcionamento da empresa.

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Turma do período matutino participando da discussão sobre regulamentações de políticas públicas do app.
Foto: Julia Tortoriello

Novas regulamentações em aplicativos de mobilidade

Tcherniakovsky e Herbert abriram a palestra com informações sobre o desenvolvimento do desafio, pontuaram as características de motoristas e passageiros, como flexibilidade de horários, autonomia de estratégias, valores acessíveis e segurança dos meios de transporte, sendo: 99 Pop, 99 Comfort e 99 Entrega.

Os representantes destacaram que suas políticas internas previnem o acontecimento de acidentes dentro e fora dos veículos. Além disso, falaram sobre o alcance da empresa e como ela agrega ao PIB nacional, gerando mais de 12,2 bilhões de reais com empregos e serviços prestados.

O diretor comentou sobre as novas regulamentações na lei federal, e como isso pode mudar entre municípios do país: “A lei federal é praticamente nova, mas o serviço de mobilidade é feito a nível municipal. Após a promulgação dessa lei, dos 5600 municípios, 5590 não fizeram nada e aceitaram as regulamentações federais. Poucos municípios, como São Paulo e Rio de Janeiro fazem uma lei específica e são nessas situações que ocorrem os embates, pois muitos dos códigos regulamentam mais do que o indicado da federalista. O município ou Estado coloca regras mais específicas, então traz uma complexidade, tornando a implementação mais difícil”.

A gerente complementa: “A teoria é diferente da prática. Sobre as novas regulamentações, devemos questionar o funcionamento e observar o que é melhor aos motoristas e passageiros. Pensando em moto, na questão da Rocinha, onde se utiliza moto há muito tempo, a regulamentação não é sinônimo de que será viável. Quantos dos colaboradores e parceiros realmente terão garantia de que a sua moto ou veículo corra? Como colocaremos na prática o que é pedido na teoria? Então, além de ouvir as empresas, precisamos ouvir o lado do motorista. Portanto, existem algumas questões que são muito importantes, principalmente entender qual é a regulamentação mais importante e por quê”.

Além dos comentários feitos pelos representantes sobre as relações políticas dentro do aplicativo, a escuta da empresa sobre seus parceiros e o que eles fazem para atendê-los da melhor forma foi um dos destaques durante o evento. Hebert pontua: “Nós nos relacionamos muito bem com os motoristas, existe um momento de escuta. Existem debates diretos, onde nos sentamos, conversamos e escutamos os pontos que devem ser melhorados. Pesquisas são feitas internamente e externamente, onde nós contatamos empresas específicas para trazer a imparcialidade”.

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Jairo Tcherniakovsky discursando sobre a 99 App.
Foto: Julia Tortoriello

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Transparência da 99 App

Durante à noite, os palestrantes discutiram a ética de trabalho da empresa e as funcionalidades do aplicativo que podem torná-lo mais seguro. Eles ressaltaram que o maior valor da empresa é o respeito, para isso, a 99 disponibiliza cursos para os motoristas, onde ensina maneiras mais corretas de lidar com os passageiros. Além disso, avisos de segurança são constantemente enviados aos clientes e condutores, seja por e-mail ou dentro do aplicativo. Tcherniakovsky e Herberta destacaram a política de inclusão da companhia. Segundo os palestrantes, o respeito torna as operações mais seguras.

Já nas funcionalidades tecnológicas, o grande destaque do aplicativo é a função de gravar áudios durante as corridas, estes que podem servir de material investigativo em denúncias de importunação. Isso torna o ambiente mais seguro e traz mais transparência e tranquilidade às pessoas.

Em seguida, foi comentada a nova categoria 99 Moto, serviço que oferece viagens realizadas por motocicletas. A empresa alegou que a modalidade é completamente segura e que tem funcionado muito bem em localidades como Rio de Janeiro e Recife. No entanto, a prefeitura de São Paulo proibiu o lançamento desse produto, alegando que isso pode trazer riscos à integridade de passageiros e motoristas. A 99 já contabiliza 25% das corridas na modalidade moto, sendo esse número referente a viagens de passageiros e entregas de produtos.

Durante o evento, as turmas de Relações Públicas questionaram a empresa sobre a modalidade moto e quais procedimentos o motorista deve fazer em relação às localidades perigosas, além de perguntarem se a 99 oferece uma categoria de corrida entre mulheres.

A companhia pontuou que as operações com motocicletas têm apresentado resultados melhores do que com carros, já que o número atual de problemas encontra-se zerado, mas entende a preocupação da prefeitura paulistana, pois a realidade é diferente.

Quanto a locais perigosos, a empresa colocou que são questões de segurança pública, mas que o aplicativo apresenta um botão que aciona a polícia, além de localizar motoristas e passageiros em tempo real. Além disso, para proteger o motorista, é possível que ele veja o local a qual será direcionado antes de aceitar a corrida, ficando a seu critério ir ou não.

Sobre a categoria de viagens exclusiva entre mulheres – que estabelece corridas apenas entre motoristas e passageiras femininas – existe a opção no aplicativo que atende a essa demanda, mas que ela é pouco utilizada, já que apenas 5% dos seus motoristas são do sexo feminino.

Após o debate, a palestra foi finalizada, deixando os alunos preparados para refletir sobre o tema e criar possíveis soluções. A ideia é que as melhores soluções possam ser integradas ao funcionamento da 99 App.

Expectativas sobre o projeto

Ao fim do evento, a doutora e mestre em Ciências da Comunicação pela USP (Universidade de São Paulo), Ágatha Paraventi, juntamente com os representantes da empresa, comentaram sobre como o projeto pode colaborar a sociedade.

“Novas cabeças trazem novas ideias, como estamos inseridos nesse universo, nós temos um viés de sempre tratar as coisas da mesma forma. Através dessa parceria com a Cásper, velhos problemas podem ser resolvidos.” , comenta Tcherniakovsky. Herbert completa, dizendo: “É muito importante fazer uma comunicação com o mundo externo, garantindo que o desejo interno do passageiro e do motorista seja transmitido. Fazemos ações de segurança, sustentabilidade e governança, então é um novo viés para um público novo”.

Paraventi comenta sobre o desafio proposto para seus alunos, afirmando: “Minha expectativa é de que os alunos consigam se colocar no lugar do público, já que sabemos que são interesses relevantes e, muitas vezes, eles não são conciliados 100%.  Espero que eles pensem em formas de escuta que sejam potentes e plurais. Sei que é um tema difícil e desafiador, ainda que o mundo esteja debatendo sobre isso, estamos colocando jovens estudantes para resolver, mas é assim que nós aprendemos, com desafios, então minha expectativa é de muito aprendizado”.

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Professora Ágatha Paraventi abrindo o evento.
Foto: Julia Tortoriello

 

Editado por Ronaldo Saez

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