Moda dos anos 2000: saiba tudo sobre a volta de tendências da década - Revista Esquinas

Moda dos anos 2000: saiba tudo sobre a volta de tendências da década

Por Mariana do Patrocínio (2º ano) e Sarah Campos (2º ano) : abril 26, 2023

Cena do filme "Mean girls", clássico dos anos 2000. Reprodução: Paramount Pictures

Seja por conta das redes sociais ou pela nostalgia da época, as peças dos anos 2000 voltaram às passarelas e ao streetstyle

Body chain, calça com vestido por cima, saia assimétrica, conjunto de agasalho de plush e mix de regatas – ao ouvir essas referências, é impossível não pensar nos anos 2000. A década ficou marcada pela sensação enérgica e alegre transmitida pelas roupas, sempre coloridas e combinando acessórios e peças que, até então, não eram vistos como estilosos. As semanas de moda e os looks escolhidos pelo público para a estação demonstram que a vibração da década do pop está de volta.

“As pessoas começaram a ter um sentimento nostálgico e queriam voltar para a época que mais se sentiam bem, os anos 2000”, explica Laryssa Perdiz, publicitária e fundadora do perfil “Lápis e Moda”, no Instagram. A especialista em moda justifica que essa saudade seria a razão de roupas como as mencionadas estarem voltando ao streetwear e às passarelas.

anos 2000

Destiny’s Child, grupo ícone da música e da moda dos anos 2000.
Getty Images

Outro fator que ressalta o resgate do passado fashion é a demanda crescente de uma causa por trás de cada peça. “Moda é história. Logo, é fundamental que a gente entenda o que ele está passando e qual a mensagem que está transmitindo. A geração alfa, que é a de hoje em dia, se não entende, não vai usar, ela precisa de um propósito. Então, para chegar nessas pessoas, contamos uma história através dos desfiles e dos significados das peças”, explica Camila Alves, professora de moda na Faculdade Belas Artes. A geração Z busca escolher peças não apenas por gosto pessoal, mas também pelo peso significativo que o item carrega. Utilizar roupas que retomam os anos 2000, também revive a alegria da era.

“Ter a opção de reviver as tendências é uma forma de trazer alguns elementos de antes não apenas da moda em si, mas também de questões econômicas e políticas. Além disso, é possível pegar as tendências e referências dos anos 70, 80, unir e criar algo novo, como se fosse uma colcha de retalhos”, disserta Alves ao ser questionada sobre o valor de trazer tendências de décadas passadas para os dias atuais.

Porém, quando se trata de moda, nem tudo são flores. Apesar do resgate da energia divertida do período, as questões polêmicas e negativas vieram paralelamente à tona. A calça de cintura baixa atua como grande pivô dessa problemática. “Eu tenho medo dessa tendência pois tudo que a gente construiu de padrão de corpo, de se sentir bem com uma peça de cintura mais alta e que não mostre tanto a barriga, está sendo desconstruído com a volta da cintura baixa”, comenta Laryssa. “Está sendo bastante assustador no varejo pois a gente não sabe como produzir essa calça de uma forma que atenda nosso público”, acrescenta.

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A década foi marcada pelo auge da anorexia, bulimia e outros transtornos alimentares, fator que impactava diretamente na escolha dos looks. “Isso foi muito preocupante pois a gente ouvia falar que os 36 eram os novos 38. Então, a pessoa que usava 38 se quisesse se manter no padrão de beleza, tinha que emagrecer. Surgiu um boom da beleza relacionado à magreza extrema”, explica Alves.  Ícones como Kate Moss, Britney Spears e Christina Aguilera se destacaram na geração como referências de corpo ideal.  A marca Victoria’s Secret também exercia pressão social ao expor modelos em um único tipo corporal.

Camila Alves enaltece o papel da Fenty, casa da moda fundada por Rihanna sob o grupo LVMH. “Existe um histórico dizendo que tudo que está fora do padrão é errado, imperfeito, considerado feio. Gosto da abordagem da Rihanna pois ela traz bastante a questão da diversidade do corpo, ela não traz aquele padrão alta, magra, cabelo loiro”. A professora de moda ainda completa: “A relação da moda com padrões de beleza têm melhorado. Não vou dizer que está no seu momento ideal, pois ainda há muito a caminhar, mas têm melhorado. Cada vez mais a gente tem trabalhado com diversidade de corpos e pessoas, logo, vejo isso como um caminho positivo”.

Como exemplo dessa melhoria, a educadora citou as edições mais recentes do São Paulo Fashion Week, caracterizadas por maior diversidade: “Eu vi mais diversidade no público e nos modelos – idades diferentes, modelos seniors, por exemplo. Hoje em dia a gente tem a moda de rua indo para as passarelas. Por isso, eu acho muito importante a acessibilidade nos eventos da SPFW, para não se manter como algo elitizado”, explica ela.

Editado por Mariana Ribeiro

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