'Paulista fora da disputa': bairro da República deve abrigar o novo espaço do Museu da Diversidade - Revista Esquinas

‘Paulista fora da disputa’: bairro da República deve abrigar o novo espaço do Museu da Diversidade

Por Enzo Monteiro, Fernando Abreu e Lara Vital : junho 28, 2023

Museu da Diversidade Cultural, localizado na estação República do metrô. Divulgação/Governo do Estado de São Paulo.

Após dez anos, o projeto de ampliação do Museu da Diversidade é mais uma vez alterado

O Museu da Diversidade Sexual do Estado de São Paulo é uma instituição criada para acolher, valorizar e cultivar a memória da comunidade LGBTQIAPN+. O espaço, sediado na Estação República do metrô, está em reformas para expansão. A reabertura está prevista para 8 de julho.

Mas o projeto de ampliação vai além. Há pelo menos dez anos, uma outra proposta de ampliação vem sendo pensada. A instituição teria uma nova unidade no Casarão Franco de Mello, localizado avenida Paulista, número 1919, próximo à estação de metrô Consolação.

A mansão, construída em 1905, já foi alvo de batalhas judiciais entre os herdeiros da família Franco de Mello e o governo do Estado de São Paulo, proprietário atual do imóvel.

A diretora de equipamentos do Museu da Diversidade, Marisa Bueno, diz que, mesmo com a reforma, o local onde a instituição já funciona não daria conta de receber o acervo completo de um museu. De acordo com ela, o segundo espaço deve ser instalado na mesma região, no centro de São Paulo.

“Nós sempre reforçamos o quanto o território da República e do Arouche são espaços em que esses corpos [LGBTQIAPN+] habitam”. Ela reforça que esses bairros possuem um histórico de violência contra essa população e a instalação do museu na região representa um ato de resistência.

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Fachada do Casarão Franco de Mello.
Foto: Lara Vital

A ideia inicial do projeto surgiu em 2014, durante o  governo de Geraldo Alckmin (2011-2018) – então filiado ao PSDB – mas não foi iniciado. Em 2019, o tucano João Dória (2019-2022), governador durante o período, foi contra a iniciativa e propôs transformar o casarão em um museu voltado para gastronomia. Na época, a decisão foi criticada por ONGs e pessoas LGBTQIAPN+. Rodrigo Garcia (PSDB), sucessor de Dória, persistiu na ideia da criação de um espaço gastronômico.

O atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL), se mostrou, em um primeiro momento, favorável à formação de um centro de diversidade e acolhimento para a comunidade LGBTQIAPN+. No dia 1 de março deste ano, o político anunciou um investimento de R$ 60 milhões para adequar o casarão ao projeto. Dez dias depois, em 11 de março, o governo publicou no Diário Oficial do Estado de São Paulo que o projeto havia sido arquivado.

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Reprodução: Diário Oficial do Estado de São Paulo
Reprodução: Diário Oficial do Estado de São Paulo

A Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, por meio da assessoria de comunicação, afirma que o projeto voltou a ser estudado, mas não há previsão para voltar a ser planejado ou realizado.

Valorização das comunidades da diversidade sexual e de gênero

O influenciador digital e ativista da causa LGBTQIAPN+, Vitor DiCastro, de 34 anos, acredita na importância de organizar e transmitir a história da comunidade. “Precisamos saber que a nossa história não está começando agora. (…) É importante entender em que pé estamos, compreender que sempre estaremos fazendo história e analisar tudo aquilo que veio antes de nós”.

Projetos do museu

Ainda que o espaço físico do museu esteja fechado, as atividades da instituição não param. Uma programação virtual foi disponibilizada, com exposições digitais, por meio do Google Arts and Culture, cursos, como o de construção do eu-profissional e a realização de um podcast.


Em julho, após sua reabertura, o museu contará com as exibições “Desaquenda”, um panorama histórico de reafirmações da comunidade LGBTQIAPN+ e “Dissidentes”, composta por artistas e expressões marginalizadas. Para conferir a programação completa, acesse o site do museu ou siga-o em suas redes sociais.

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Acolhimento

O ativista explica também a importância de demonstrar acolhimento e afirmação de identidade para pessoas LGBTQIAPN+. “As pessoas que administram e vivenciam diariamente aquela realidade são muito competentes para pensar juntas. Temos que pegar os exemplos que já existem e estão dando certo e replicar em outras cidades e estados.”

O Centro Cultural da Diversidade de Pinheiros lista , por meio da assessoria de comunicação, algumas atividades importantes para o funcionamento dessas instituições.

Educação e conscientização: Promover programas educacionais e oficinas que abordem a diversidade sexual e de gênero, a fim de combater o preconceito e aumentar a compreensão e o respeito pela comunidade LGBTQIAPN+.

Encaminhamento para serviços de saúde: Estabelecer parcerias com clínicas, centros de saúde e profissionais especializados em saúde LGBTQIAPN+, para garantir que os membros da comunidade tenham acesso aos cuidados médicos adequados, incluindo serviços de saúde sexual, aconselhamento em relação ao HIV/AIDS, terapia hormonal e cuidados durante a transição de gênero.

Grupos de apoio e redes sociais: Facilitar a criação de grupos de apoio e redes sociais para diferentes segmentos da comunidade LGBTQIAPN+, como jovens, idosos, pessoas transgênero, pessoas com deficiência, entre outros. Esses grupos fornecem um espaço para compartilhar experiências, obter suporte e construir relacionamentos saudáveis.

Eventos e atividades comunitárias: Organizar eventos, como encontros sociais, festivais, workshops, palestras e atividades artísticas, que promovam a inclusão e celebrem a diversidade LGBTQIAPN+. Essas iniciativas ajudam a fortalecer a identidade e o senso de pertencimento da comunidade”

Editado por Mariana Ribeiro

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