Mês das Mulheres: 5 filmes com direção e participação feminina que você precisa assistir - Revista Esquinas

Mês das Mulheres: 5 filmes com direção e participação feminina que você precisa assistir

Por Enzo Cipriano da Costa e Brisa Sayuri Kunichiro : março 18, 2023

Protagonista do longa, Viola Davis traz uma atuação impecável ao longo da trama

Com obras que destacam o emponderamento feminino através dos mais variados gêneros cinematográficos, ESQUINAS traz uma seleção e críticas de filmes clássicos no Mês das Mulheres

Inspirados na luta pela representatividade feminina em diversos âmbitos sociais, inclusive no cinema, no Mês das Mulheres, ESQUINAS apresenta uma seleção de longas que colocam a figura feminina em evidência.

Com escolhas para todos os gostos, você também pode conferir a crítica com as principais impressões de cada filme e ver quais características podem te surpreender.

Que horas ela volta? (2015)

mês das mulheres

“Que horas ela volta?”, é um dos filmes mais aclamados pela crítica brasileira
Reprodução

SINOPSE

Depois de deixar a família no interior de Pernambuco e passar anos trabalhando como babá e empregada doméstica em São Paulo, Val recebe um telefonema da filha, que quer apoio para vir a São Paulo prestar vestibular. Quando a garota chega, no entanto, a convivência é difícil. Todos serão atingidos pela autenticidade de sua personalidade. No meio deles, dividida entre a sala e a cozinha, Val terá que achar um novo modo de vida.

CRÍTICA

Um dos longas brasileiros mais bem avaliados dos últimos tempos é dirigido pela roteirista premiada dentro e fora do país, Anna Muylaert. O filme é estrelado por Regina Casé, que chama a atenção por sua atuação ao interpretar a personagem Val, uma empregada doméstica nordestina que foi obrigada a deixar sua filha em sua terra natal para trabalhar em uma casa de um bairro nobre em São Paulo.

Por trabalhar com a mesma família há muitos anos, Val tem a sensação de ser “quase da família”, mas com o passar do tempo, podemos notar o drama sofrido por ela, evidenciado pela desigualdade social e o preconceito sofrido por parte de sua patroa. Em muitos momentos, o filme nos deixa desconfortáveis e nos faz refletir sobre a situação enfrentada por milhares de empregadas domésticas todos os dias em seus trabalhos. Muitas delas praticamente moram no trabalho e são consideradas “da família”, apenas quando se colocam “no seu devido lugar”.

A chegada de sua filha nos traz alguns momentos de alívio. A diferença entre as gerações e visões de mundo faz com que a filha seja a única a questionar a situação de submissão sofrida pela mãe e enfrentar o sistema antiquado de “patrão e empregado”.

A fotografia é o toque final do filme, nos traz uma imersão gigantesca aos acontecimentos do longa e faz com que tenhamos a sensação de estar presenciando algo do dia a dia. Destaque para uma das cenas finais, que se passa na piscina da casa, onde sentimos uma sensação de libertação junto à personagem e nos traz esperança de que todos possam lutar por uma vida melhor.

Em suma, é um filme de muitas reflexões, capaz de nos emocionar, angustiar e abrir nossos olhos para o descaso e sofrimento de muitas empregadas domésticas Brasil afora.

Classificação indicativa: 12 anos

Onde assistir: Netflix, Globoplay e AppleTV

Feministas: o que elas estavam pensando? (2018)

mês das mulheres

O documentário da Netflix traz narrativas exclusivas sobre a luta feminista nos anos 80
Reprodução

SINOPSE

O filme mergulha na luta das mulheres com fotos dos anos 70 que captam o despertar do feminismo. Imagens que falam de momentos de dificuldade, restrição e enfrentamento.

CRÍTICA

O longa é um documentário dirigido por Johanna Demetrakas que nos mostra como estão as mulheres participantes das fotografias do livro “Emergence”, que fez parte do movimento feminista nos Estados Unidos há 40 anos.

O documentário nos traz relatos das mulheres envolvidas no ensaio nos primórdios do movimento feminista e acrescenta mais personagens com visões complementares. Temas que, mesmo com o passar dos anos, continuam sendo enfrentados pelas mulheres e são trazidos para o debate, como a masculinização e o machismo em diversas áreas do mercado de trabalho, o preconceito com relação à maternidade, problemas envolvendo o casamento e a sexualidade.

O filme é ideal para um público que já tenha um breve conhecimento sobre os elementos do feminismo, pois cita algumas lutas anteriores, como o caso das sufragistas, fazendo com que tenhamos uma experiência mais rica ao fazer conexões com as diversas etapas da causa. Por fim, os relatos das mais variadas personalidades, como o da atriz e vocalista Michelle Phillips e da autora Phyllis Chesler, entre outros depoimentos, nos fazem refletir sobre o que muitas mulheres enfrentam em seu dia a dia de trabalho, onde têm que se sujeitar à situação de submissão aos homens para poderem continuar com sua fonte de renda.

Definitivamente, é um documentário com um pouco mais de 1h20 que vale muito a pena para quem deseja se aprofundar um pouco mais no mundo do feminismo e, a partir dos relatos, se colocar no lugar das participantes e enxergar como todo esse processo de luta ao longo dos anos pode servir como inspiração na causa feminista.

Classificação indicativa: 14 anos

Onde assistir: Netflix

A Mulher Rei (2022)

Mulher rei

Protagonista do longa, Viola Davis traz uma atuação impecável ao longo da trama
Reprodução

SINOPSE

Em 1800, a general Nanisca treina um grupo de mulheres guerreiras para proteger o reino africano de Dahomey de um inimigo estrangeiro.

CRÍTICA

Um grande sucesso do ano de 2022, A Mulher Rei, foi baseado em uma história real, dirigido pela cineasta Gina Prince-Bythewood, com Viola Davis no papel de Nanisca, guerreira do reino africano de Dahomey, atual Benin, onde deve treinar outras guerreiras na luta contra a ameaça colonizadora. O filme é marcado pelo protagonismo negro feminino, com destaque para a atuação impecável de Viola Davis, digna de um Oscar, mas que talvez tenha sido mais uma vítima da seletividade da Academia e nem sequer foi indicada.

A história é profunda e emocionante do início ao fim, acompanhamos a história do tráfico de escravos, mas sem a visão eurocentrista de sempre. Outro ponto de destaque é o grande papel exercido pelas mulheres de Dahomey. Cargos essenciais, geralmente ocupados por homens, são marcados pela presença feminina, como grande exemplo as guerreiras do reino, cuja função estava a cargo da defesa de seu território na luta contra as ameaças que as cercavam, um exemplo claro da força feminina na luta por sua independência e liberdade. O filme também é marcado pelas cenas de ação, com lutas bem coreografadas e um cenário bem caracterizado que nos transportam para o campo de batalha, e nos fazem sentir o drama vivido pelas personagens.

Um grande filme que vai te fazer viajar no tempo e perceber que as aulas de história não mostram tudo. É uma história cruel do nosso passado que não podemos esquecer. Devemos tirar dos momentos de luta e resistência como os apresentados no filme inspiração na busca por um mundo mais justo e melhor para todos.

Classificação indicativa: 16 anos

Onde assistir: Prime Video e AppleTV

Mulan (1998)

Mulan

Uma das animações mais recentes da Disney, Mulan mistura aventura e emoção
Reprodução / Disney

SINOPSE

Mulan descobre que seu pai, já ancião, é convocado a se alistar no exército para defender a China dos terríveis invasores Hunos! Em um ato de valentia e generosidade, Mulan se disfarça de homem e toma o lugar do pai no Exército Imperial. Uma antiga lenda chinesa magicamente se transforma em uma aventura inesquecível, repleta de emoção, heroísmo e humor.

CRÍTICA

O filme “Mulan” conta a história de Mulan, filha do ancião Fa Zhou, que está tentando se encaixar na sociedade, mas não consegue. No início da animação, Mulan vai até uma casamenteira para ser avaliada sobre suas habilidades como esposa e acaba sendo expulsa por não ser boa o suficiente.

Ao decorrer do filme, seu pai, que está doente, é convocado para o Exército Imperial por ser o único homem da família e é obrigado a lutar pela China em defesa aos ataques dos Hunos. Mulan, entretanto, não aceita que o pai vá e se disfarça de homem para proteger seus familiares, embarcando em uma aventura perigosa e emocionante, enquanto esconde quem ela realmente é.

Mulan enfrenta diversas dificuldades por ser mulher e é sempre subestimada pelas pessoas ao seu redor. Independentemente disso, ela sempre deu a volta por cima e se adaptou aos ambientes em que se encontrava. No treinamento do exército, por exemplo, utilizava sua inteligência para aprimorar os exercícios e vencer as batalhas. Por mais que tenha ganhado reconhecimento e valor de sua equipe com o tempo, esse fator só ocorre por causa de seu disfarce, que é a grande crítica do filme. Isso significa que Mulan sempre se mostrou capaz, mas só teve atenção após se vestir de homem.

Mulan mostra a história de uma guerreira, uma mulher que estava dividida entre agradar e ser verdadeira. A mensagem do filme é leve e comovente, permitindo refletir sobre os valores da sociedade por meio de humor e canções.

Classificação indicativa: Livre

Onde assistir: Disney+

As Sufragistas (2015)Mês das mulheres

mês das mulheres

O filme relata um dos momentos mais tensos da luta feminista
Reprodução

SINOPSE

No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuíam o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decidiu coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais para a causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobriu o movimento e passou a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merecia alguns sacrifícios.

CRÍTICA Mês das mulheres

Luta pelo direito ao voto feminino, com mais de mil prisões e mais de mil histórias. O filme “As Sufragistas” aborda esse período histórico e conta a trajetória de um grupo de mulheres trabalhadoras que se juntaram à luta feminista. Neste longa-metragem, Sarah Gavron, diretora, faz um trabalho impecável ao representar as dificuldades, agressões, violações e outros acontecimentos que as mulheres sofreram nesta época. Ela opta por mostrar o início da violência na causa, que foi implementada após anos de campanhas pacíficas e argumentos ignorados pelo governo.

Carey Mulligan, Helena Bonham Carter, Anne-Marie Duff e Natalie Press merecem destaque pelas atuações emocionantes. Elas viveram as personagens e nos aproximaram de suas histórias, gerando empatia pela causa. No meio das desigualdades, desvalorizações, humilhações, agressões, assédios no meio de trabalho e outros, elas interpretam mulheres que nunca abaixaram a cabeça e mostraram força, fé e poder, pontuando como a luta pelos seus direitos era de extrema importância.

O filme é repleto de cenas comoventes, pois mostra tudo que essas mulheres abriram mão e perderam por conta das manifestações, os feitos pela causa e o impacto que tiveram para a obtenção dos resultados. A cena final é surpreendente e aborda exatamente essa sensação, permitindo-nos entender o desespero das mulheres em conseguir o direito ao voto.

Classificação indicativa: 14 anos

Onde assistir: Prime Video e AppleTV

Editado por Nathalia Jesus

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