Fotógrafos de eventos reinventam seu trabalho durante a pandemia - Revista Esquinas

Fotógrafos de eventos reinventam seu trabalho durante a pandemia

Por Vinicius Pereira : julho 15, 2020

Durante a pandemia os fotógrafos de eventos precisaram de redescobrir no mercado de trabalho

ESQUINAS entrevistou um fotógrafo em Milão, Itália, e outro em Campo Grande, Mato Grosso Do Sul, para saber como foi a adaptação do trabalho durante o isolamento social

MILÃO, Itália

Em 2015, Lucas Possiede, fotógrafo de Mato Grosso do Sul, mudou-se para a Itália e desde então já desenvolveu trabalhos com grandes marcas, como Calvin Klein, Versace e Nike.

A entrevista com o fotógrafo foi concedida no dia 6 de maio e naquele momento a Itália ainda estava de quarentena. Naquele dia foram registradas 369 mortes pela covid-19. Em meio à esse cenário, Possiede falou sobre os impactos que o isolamento social teve em sua vida pessoal e profissional, ambas interligadas pela fotografia.

ESQUINAS VOCÊ ENXERGA NA ARTE UMA FORMA DE AMENIZAR OS EFEITOS DA QUARENTENA OU UMA FRUSTRAÇÃO POR NÃO CONSEGUIR CRIAR COMO ANTES?

Eu experienciei um pouco dos dois neste período. Uma saudade e frustração em relação ao meu trabalho que infelizmente teve de ser parado e também uma inspiração para tentar pensar fora da caixa.

ESQUINAS PESSOALMENTE, FICAR ISOLADO TE TROUXE UM PERÍODO DE REFLEXÃO COM NOVAIS IDEIAS OU UM BLOQUEIO CRIATIVO?

Me vieram novas ideias principalmente porque tive tempo de assistir documentários e estudar fotografia neste período. Me deu um super gás para sair e fotografar, então estou esperando que se possa voltar ao trabalho novamente.

No entanto, a necessidade de permanecer em isolamento não anula todas as alternativas de se praticar a fotografia e manter uma expressão ativa. Com os passar dos meses se vê muitos trabalhos de fotojornalismo e fotografia de moda ainda sendo produzidos e novas tendências surgindo.

ESQUINAS O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARA NÃO PARAR DURANTE ESSE PERÍODO?

Tenho procurado manter o meu Instagram movimentado já que tinha vários projetos ainda não publicados.

ESQUINAS COMO ESSE PERÍODO IMPACTOU SUA PERCEPÇÃO DA FOTOGRAFIA?

Eu tenho olhado muito mais para dentro e procurado o que fotografar no limite do que me é possível. A progressão durante o dia da incidência do sol dentro de casa e street photography (fotografia da rua) no caminho até ao supermercado, são um exemplo.

ESQUINAS QUAL SUA REALIDADE PROFISSIONAL APÓS O INÍCIO DO ISOLAMENTO? SEUS PROJETOS E TRABALHOS FORAM ADAPTADOS PARA A NOVA REALIDADE, COLOCADOS EM PAUSA OU DESCARTADOS?

Eu fotografo eventos e todos foram cancelados até outubro, pelo menos. Infelizmente serão uma das últimas indústrias a reabrirem e retornarem ao normal.

ESQUINAS QUAL A PERSPECTIVA PARA O FUTURO DA SUA LINHA DE TRABALHO APÓS O ISOLAMENTO?

Parece que em outubro, teremos início a eventos e coisas do tipo. Enquanto isso, espero ser contratado para fotografar projetos diferentes.

Veja também em Esquinas:

+ Fotorreportagem: “Muita polícia, mas sem confusão”: casperiano recém-formado relata as manifestações de ontem

+ Manifestações durante a pandemia: “Um dos maiores medos que senti na minha vida”

+ “O descuido com a vida no Brasil é um projeto político. Nada tem de natural”, afirma juiz do TJRJ

CAMPO GRANDE, Brasil

O estado de Mato Grosso do Sul tem atualmente 13.461 casos de coronavírus e o número de óbitos chega a 167. Diferentes de outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, o quadro sanitário está controlado, estável e com os números mais baixos do país.

Dentro desse cenário, o professor e fotógrafo Renan Kubota falou com ESQUINAS no dia 26 de maio. Acostumado a fotografar casamentos, ele diz que precisou se adaptar mediante a crise.

“A gente vai se virando como pode. Agora, eu decidi diversificar o trabalho e começar a atender outras demandas, mas tudo dentro da fotografia.”

ESQUINAS AS NOVAS OPORTUNIDADES QUE VOCÊ ENCONTROU PARA FOTOGRAFAR VIERAM DE FORMA MAIS ESCASSA OU SÃO ÁREAS DA FOTOGRAFIA QUE NÃO SOFRERAM TANTO IMPACTO?

Eu acho que, sim, a crise acaba afetando o mercado como um todo, mas, por outro lado, coisas que dependem de uma venda online as pessoas têm que investir mais em identidade visual e acabam buscando a fotografia. Uma forma de venda sem contato direto. Eu acho que para algumas áreas de varejo e alimentação [a procura] acaba crescendo.

ESQUINAS HOUVE OUTRO PERÍODO NA SUA TRAJETÓRIA EM QUE VOCÊ PRECISOU BUSCAR OUTRAS FORMAS DE TRABALHO E SE REINVENTAR?

Não por uma crise, mas sim por ter iniciado como autônomo. Tirando isso, acho que essa é a pior crise e a gente tem que ir se reinventar e se adaptar. Trabalhando como pode para conseguir continuar na área. Agora não é hora de fazer grandes investimentos ou trocar de equipamento, porque se tudo melhorar a gente consegue se manter no mercado.

ESQUINAS AS ALTERNATIVAS ENCONTRADAS NO MOMENTO SÃO APENAS TEMPORÁRIAS OU VOCÊ SE VÊ ABRAÇANDO DIFERENTES NICHOS DE FOTOGRAFIA NO FUTURO?

Eu acho que tudo que aprendemos a fazer é válido. A partir do momento que eu não estiver mais lecionando, eu posso trabalhar durante a semana com as fotografias empresariais e continuar com minha marca de fotografia de casamento.