África Fashion Week: veja como foi a primeira edição do evento no Brasil - Revista Esquinas

África Fashion Week: veja como foi a primeira edição do evento no Brasil

Por Mariana do Patrocínio (2º ano) e Sarah Campos (2º ano) : junho 2, 2023

Ricas em cores, as coleções femininas apresentadas no evento ganharam destaque por sua variedade de modelos e tecidos.

A primeira edição da África Fashion Week no Brasil, evento de moda sediado em São Paulo, cativou o público por meio de desfiles, estandes e workshops

Nos dias 25, 26 e 27 de junho, ocorreu pela primeira vez no Brasil a África Fashion Week. O evento, criado em Londres, foi sediado na Expo Center Norte, em São Paulo. Com rodadas de negócios, workshops abordando temas relacionados à superação do preconceito racial e desfiles, a semana de moda contou com a presença de diversos designers consagrados no setor e responsáveis por promover a importância da cultura africana.

A fashion week somou mais de 15 marcas nas passarelas, entre elas, Meninos Rei, Mônica Anjos, Piillz and Poizn e Adire Oodua X Adire Teems. Além de trazer a singularidade, elegância e vivacidade das peças de vestuário, o evento foi de extrema importância para o público e deve se repetir em mais edições.

Arte

Os desfiles não foram a única forma de representação da cultura africana presentes na AFWB. A exposição de Alex King recepcionava o público do evento com retratos de mulheres pretas com detalhes em alto relevo. Intitulada “Olhos que emocionam”, a curadoria contava com mais de dez quadros, ricos em cores e evidenciando a beleza das musas retratadas.  “Acho muito importante que a exposição esteja acontecendo fora do mês de novembro, fora da consciência negra. Acredito que conseguimos enxergar a beleza do afro e o que temos para representar, no empreendedorismo e na moda”, explica Vânia Lopes, 45, uma das representantes da exposição.

A designer ainda acrescenta –  “Para nós é maravilhoso estar aqui, não só por ver pessoas negras e brancas, mas por ver a valorização que isso tem fora do mês da consciência negra e por ser a primeira vez que essa exposição vem para o Brasil”.

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A exposição “Olhos que emocionam” ficou localizada próxima a entrada do evento, recepcionando o público com artes que exaltam a beleza da mulher negra.
Mariana do Patrocínio

A organização

A disponibilidade de ingressos gratuitos em eventos de moda é uma novidade em São Paulo. Contudo, apesar da oferta ter se tornado atrativa para o público, a organização do local e do cronograma ficou a desejar.  A equipe enviou previamente folders informativos sobre as marcas que estariam presentes no evento e as atividades que seriam realizadas no decorrer dos dias. Apesar da vantagem do conhecimento antecipado da programação, ela não se concretizou no momento, deixando o público em aguardo durante 1h30 para o ingresso nos desfiles, que aconteciam em um espaço central reservado.

Além do aguardo, não havia setorização de filas nem a certeza de que todos iriam acessar os desfiles das marcas. O público era separado por suas credenciais, em: participantes, convidados e imprensa, divisão que não ficou clara no momento da formação da fila.


Com os desfiles agendados para às 19h e a necessidade de espera prévia para o ingresso na sala de exibições, outros setores do evento perderam seu destaque, uma vez que o público se concentrou para a espera. Stands com roupas e comidas tradicionais perderam espaço, quando poderiam ter atendido mais clientes, se houvesse um mecanismo organizado de entrada para os desfiles.

A importância do evento

Apesar das questões organizacionais, a África Fashion Week teve um impacto necessário e positivo dentro do cenário da moda nacional. A modelo Suéllen Bonfim, 37, explica, “hoje, estar aqui, para nós negras, é uma inovação. Nos sentimos lisonjeados de estar participando de um evento desses, é motivo de extrema alegria, de chegarmos em espaços que não conseguíamos chegar. Tenho certeza que esse é o primeiro de muitos e que iremos avançar”.

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Suéllen Bonfim foi eleita a Miss Revelação Palmares 2023.
Sarah Campos

Além da área fashion, o setor de beleza também ganhou destaque. A maquiadora Danielle Gomes, 38, esteve presente no evento, a convite do SENAC, e deu dicas de automaquiagem. “Um evento como esse é de suma importância para a área da beleza, principalmente agora que estão vindo os produtos pensados para a pele negra, que não tínhamos antigamente”, conta a profissional. Fatima Fortes, 63, que estava a ser maquiada por Danielle, acrescenta que, “é uma oportunidade muito boa porque normalmente não temos esse tipo de orientação. Não é fácil achar alguém que saiba te maquiar, achar as cores certas, te orientar”.

O Instituto Ricardo Loss, especializado em produtos e procedimentos estéticos, também marcou presença no evento. “Ele conseguiu desenvolver essa linha que o mercado precisava, faltavam produtos próprios para pele negra. Ele viu, fez uma pesquisa grande sobre os ácidos necessários e estamos aqui para lançar esses produtos novos”, conta a designer Geovanna Gonçalves, 17, representante da marca.

“Sempre foi uma área que ficou escondida, que não era muito procurada. Os eventos não eram queridos pelas pessoas. Esse evento representa uma evolução muito grande no Brasil”, completa a jovem.

África Fashion Week Brasil X São Paulo Fashion Week

Além da Africa Fashion Week, a Virada Cultural e a São Paulo Fashion Week disputavam a atenção do público na cidade, durante o mesmo final de semana. A ocorrência do evento, nas mesmas datas da semana de moda mais importante do Brasil, a SPFW, gerou alguns questionamentos.

Isabele Crepaldi, 21 anos, modelo explica que, “no mundo da moda a gente encara muitas dessas situações, mas eu acho que aqui engloba todo mundo, então todo mundo tem a oportunidade de assistir os desfiles, isso é muito legal, é muito lindo de ver o que está acontecendo aqui”.

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Desfiles

Diversos desfiles marcaram os três dias de evento, que trouxe marcas estrangeiras e outras já conhecidas do público brasileiro.

No sábado, dia 27, o evento contou com 6 desfiles. A marca Mary Martin London abriu o desfile, trazendo peças em tons dourados e brancos, com looks finais dignos de realeza.

O segundo desfile foi da marca Piillz Poizn, que, com muita transparência e mistura de tons, trouxe ousadia e cores vibrantes.

A marca Blingshiki apostou em muito brilho e movimento em suas peças, misturando vestidos mais longos e camisas largas. O quarto desfile foi totalmente dedicado à moda masculina, com produções de calças, camisas, moletons e até mesmo uma terceira peça.

O penúltimo desfile trouxe transparência e movimento em suas peças. Os primeiros looks foram marcadas por tons pastéis, como o rosa, o roxo e o bege, mas, ao longo do desfile, as peças ganharam cores mais fortes.

A Meninos Rei fechou o evento. A marca, que esteve presente na São Paulo Fashion Week, atraiu um público considerável ao evento e apostou em muitas estampas, tons de amarelo vibrante, laranja e jaquetas volumosas.

Editado por Mariana Ribeiro

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