'Banca DuChamp': um achado no Bixiga em forma de memória aos discos - Revista Esquinas

‘Banca DuChamp’: um achado no Bixiga em forma de memória aos discos

Por Bruna Blanco, Victória Waleska e Mari de Campos : outubro 17, 2024

No Brasil, as vendas de discos cresceram 136,2% em 2023. Foto: Bruna Blanco/ESQUINAS

Localizada na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, número 1775, espaço atrai os amantes de discos e relembra moda antiga

Na transversal de uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, vários pequenos tesouros se escondem no formato de lojas, feiras, bancas. Residência de um núcleo de artistas, jornalistas e escritores, a região da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, é ocupada por visionários criativos que transformam, historicamente, a região em um grande polo cultural.

Batizada em homenagem ao pitbull branco, considerada “filha” do dono, a Banca DuChamp nasceu em 2022 e, após dois anos, continua atraindo os entusiastas de disco e convertendo amantes da música. O ambiente de 10 metros quadrados foi montado estrategicamente pelo ex-arquiteto, de forma que uma banca fosse o suficiente para que pessoas navegassem pelos discos, conseguissem o que procuram e se sentissem “em casa”. Nascido em 1962, em São José do Rio Pardo, Leandro Amaral conta que sua relação com os discos começa desde sua infância, e sua paixão foi motivo suficiente para abrir um novo negócio assim que a oportunidade chegou, Quando, em 2021, um grande colecionador de discos faleceu, Leandro não teve dúvida e comprou a coleção inteira, que acumulava aproximadamente 500 discos.

A localização da banca atrai trabalhadores e moradores da região desde a sua abertura. O movimento era razoável e permitia o pagamento das contas do mês, porém tudo mudou quando vídeos sobre o local foram publicados no TikTok. A repercussão foi grande e resultou no aumento do público e das vendas.

No Brasil, as vendas de discos cresceram 136,2% em 2023 segundo dados da CNN. O mercado que, até então, já tinha sido substituído pelos CDs e posteriormente pelo Streaming, ganha força com movimentos da internet que retomam sentimentos nostálgicos e apreciam a arte de “fazer” música como no passado. No TikTok, por exemplo, rede mais navegada pela nova Geração Z, trends que associam o uso de discos com o movimento cool e indie viralizaram, estourando a bolha e instigando desejo pelo conhecimento em discos. Esse movimento se aplica não só no Brasil. Os Estados Unidos em primeiro lugar e o Reino Unido no segundo do ranking de vendas de discos também mostraram uma grande tendência nostálgica com o aumento do consumo de vinis especificamente antigos pelo público da geração mais jovem.

Amaral relata que 80% dos seus clientes são jovens que procuram discos pela primeira vez, sem ainda saber como se usa e cuida de um toca discos. Contabilizando mais de 500 mil visualizações nas suas redes sociais, também relembra esse sentimento nostálgico, conta de sua banca e dos diferenciais dos discos.

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O vendedor explica que o retorno dos discos começou em 2010,  um crescimento lento com duração de dez anos. Em 2020, com a pandemia e o impulso das redes sociais, os vinis voltaram a ser procurados. Hoje, no Brasil, existem três fábricas, duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro, que produzem discos de vinil regularmente, tanto para novos artistas quanto para relançamentos de discos antigos.

A tendência é que com essa volta, artistas de diferentes gêneros musicais se interessem a produzir vinis, atraindo ouvintes novos. Apesar de o público dos LPs ser nichado, composto principalmente por colecionadores, as vendas têm aumentado consideravelmente a cada ano. Músicos contemporâneos brasileiros como Jão, Anavitória, Matuê e Liniker apostaram nas produções, confiando na onda de crescimento no país.

Editado por Luca Uras

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