E-sports: torcidas e organizações brasileiras dominam as redes sociais no mundo - Revista Esquinas

E-sports: torcidas e organizações brasileiras dominam as redes sociais no mundo

Por Gabriela Antualpa : agosto 22, 2022

Foto: Wikimedia Commons

Comunidade de e-sports brasileira é destaque mundial no Twitter. Jogadores, casters e líderes de torcida organizada comentam o fenômeno que move multidões

Durante o primeiro semestre de 2022, o Twitter realizou uma pesquisa sobre a comunidade gamer que ranqueou os jogos mais repercutidos, os jogadores mais comentados e as torcidas mais engajadas da plataforma. No caso dos e-sports, a organização brasileira Loud, que conta com mais de 25 milhões de seguidores somados em seus perfis, foi elencada como a mais comentada no mundo. Junto a ela, mais três perfis brasileiros marcaram presença no top 10 mundial: PaiN Gaming, FURIA e Los Grandes 

No levantamento dos jogadores mais comentados, os brasileiros também foram destaque no ranking. FalleN, sniper de Counter-Strike, foi o atleta de e-sport mais tuitado nos últimos seis meses. O jogador já conta com mais de cinco milhões de fãs espalhados em suas redes sociais. 

Em audiência de torneios, o Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL) foi o mais comentado na rede. O evento superou até mesmo grandes ligas internacionais de grande investimento como a coreana LCK ou a global Overwatch League. 

Torcedor e paixão 

Murilo “takeshi” Alves, ex-jogador e caster – narrador e comentarista de transmissões online – do CBLOL, entende o engajamento gerado como resposta à paixão brasileira. “O brasileiro em si é mais apaixonado do que o restante. A torcida é diferente, e quando os jogadores saem mundo afora veem que a do Brasil é superior”, comenta takeshi. 

Boa parte do “barulho” gerado pelos torcedores vêm da organização espontânea entre os fãs. No universo dos e-sports, torcidas organizadas são perfis que se propõem a informar sobre determinada equipe e ajudar o time a engajar tags, posts, projetos sociais e eventos.  

ESQUINAS entrevistou Luan “Lost” Vieira, criador da Torcida Go Loud. Fundado em 2019, o projeto hoje conta com mais de 470 mil seguidores somados nas redes. Luan começou a iniciativa com o fim de juntar o time, mas o perfil acabou se tornando muito mais que isso. “Não era nosso intuito apenas postar fotos, como torcidas organizadas de futebol. Queríamos engajar nos jogos, torcer e ir um pouquinho além disso com os projetos sociais.”, declara Lost. 

A equipe aumentou ao longo do tempo: quanto mais seguidores passavam a acompanhar as páginas, o criador do projeto foi entendendo que as proporções que o Instagram e o Twitter tomavam eram suficientes para agregar mais administradores para as páginas.  

“A torcida atualmente significa tudo.”, diz Luan. “Conheci ídolos que entraram na LOUD e pessoas que hoje eu tenho contato direto. São quase membros da minha família, mesmo sem conhecê-las pessoalmente (…) É um laço muito forte e que só vem crescendo”, completa. 

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Game levado a sério e-sports

Os e-sports e suas torcidas têm ganhado cada vez mais espaço na mídia esportiva e conquistado índices inéditos de popularidade. Em 2017, a emissora Globo fechou contrato com a Riot, empresa desenvolvedora do League of Legends, para transmitir os jogos do CBLOL e dos campeonatos mundiais do jogo no canal SporTv. Junto ao CBLOL, campeonatos de Rocket League e Counter Strike também são transmitidos desde então. 

Mesmo com engajamentos milionários e grandes patrocinadores – como Red Bull, Coca Cola e Mastercard -, os gamers ainda sofrem desvalorização de seu trabalho devido ao preconceito da comunidade tradicional de esportes. “Já vi gente dizendo que não teria coragem de comprar uma camisa de um time de e-sports, mas teria de comprar uma de futebol.”, comenta a caster e streamer Layze Brandão, conhecida no meio como Lahgolas. 

“Acho que [o preconceito] seja por conta de ser uma novidade: querendo ou não, são poucos anos. Temos dez anos de LoL, é muito pouco comparado a um esporte tradicional que tenha mais de cinquenta anos como o futebol. As pessoas ainda não estão tão acostumadas com isso”, ressalta Lahgolas. 

Orgulho e preconceito e-sports

Takeshi também fala sobre o pré-julgamento dos leigos no assunto. “As pessoas ainda não tem o mesmo conhecimento que temos. Se ela chega num ginásio lotado, ela verá que é muito mais sério que simplesmente um joguinho.”, comenta o caster. 

“Nem todo mundo sabe o que é esporte eletrônico, mas a partir do momento que ela vê o que é, não tem como ela não respeitar. Isso move multidões”, declara takeshi 


O campeonato mais comentado do ano até agora está no fim de sua fase eliminatória, com a final marcada para dia 3 de setembro no Ginásio do Ibirapuera, com todos os 10 mil ingressos esgotados em menos de algumas horas de lançamento. 

Editado por Juliano Galisi

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