Em busca do primeiro título da Liga das Nações, vôlei feminino aposta em nova geração de atletas - Revista Esquinas

Em busca do primeiro título da Liga das Nações, vôlei feminino aposta em nova geração de atletas

Por Lucas Fernandes, Rafaela Paredes e Yasmin Logrado : junho 20, 2022

Foto: Wander Roberto / Inovafoto / CBV

O início de uma nova jornada da seleção feminina de vôlei em busca do título inédito da VNL começou, confira os principais destaques do elenco e como foram as primeiras rodadas da competição

Criada em 2018 para substituir o Grand Prix, torneio internacional que reunia as melhores seleções de vôlei, a Liga das Nações foi uma aposta da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para atrair mais telespectadores e popularizar o esporte ao redor do mundo.

No antigo formato, disputado entre 1993 e 2017, o Brasil é, disparadamente, o país com mais títulos, tendo conquistado doze títulos, cinco vice-campeonatos, além de terminar duas vezes em terceiro lugar durante os 25 anos em que a competição aconteceu. Nesses moldes, oito brasileiras foram escolhidas como melhores jogadoras da disputa, recebendo o prêmio de MVP do torneio. São elas: Fernanda Venturini (1994), Leila (1996 e 1998), Virna (1999), Paula Pequeno (2005), Sheilla (2006 e 2009), Mari (2008), Thaísa (2013) e Natália, eleita nas últimas duas edições.

Após a reestruturação, já como Liga das Nações, a seleção brasileira não teve tanto êxito na busca pelo primeiro lugar, que ficou com os Estados Unidos nas únicas três edições do torneio. Apesar de nunca ter conquistado o título, a atuação da seleção não é de se descartar. Em 2018, na estreia do novo formato, as brasileiras acabaram em 4° lugar, enquanto nos anos de 2019 e 2021, o Brasil ficou com o vice-campeonato.

Novas caras da seleção

A medalha de prata conquistada pela seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio marcou o fim de uma era para três titulares da equipe e grandes nomes do vôlei brasileiro: Fernanda Garay, Camila Brait e Carol Gattaz. O fim do ciclo deu início, portanto, a um processo de reformulação do time, com jogadoras jovens e dispostas a fazerem parte deste novo tempo.

Com foco nas Olimpíadas de Paris de 2024, Zé Roberto realiza a nova escalação já para a Liga das Nações, realizada entre maio e julho deste ano, o primeiro momento em que a seleção reformulada será posta à prova.

Na opinião da ex-levantadora da seleção brasileira Fofão, 52, a jovialidade do elenco é uma via de mão dupla. Dentro das vantagens de ter um elenco jovem destaca-se a oportunidade de dar espaço a novos talentos. “É importante dar uma chance a essas jovens de entender as exigências de vestir a camisa da seleção brasileira e adquirir experiência”, afirma.

Em contrapartida, a ex-jogadora de vôlei cita alguns fatores negativos que ter atletas mais novas na equipe pode causar, tal qual a falta de prática e de entrosamento dentro de quadra com o resto do time. “Porém, é um processo que todo atleta deve passar”, acrescenta Fofão.

Entre as 20 jogadoras convocadas para a Liga das Nações, apenas cinco estiveram em Tóquio: as ponteiras Gabi e Rosamaria, a central Carol e as levantadoras Macris e Roberta. O técnico Zé Roberto conta com a experiência das cinco jogadoras para redirecionar o novo time. Além disso, a seleção apresenta 13 jogadoras com menos de 25 anos, tendo como destaque as jovens Lorrayna, Kenya e Julia Kudiess, que disputam seus primeiros torneios no time adulto.

vôlei

Foto: Wander Roberto / Inovafoto / CBV
Wander Roberto / Inovafoto / CBV

Com essas mudanças, a seleção que disputa a Liga das Nações com:

LEVANTADORAS:

Macris, Roberta e Kenya

CENTRAIS:

Carol, Diana, Julia Kudiess, Lorena e Mayany

OPOSTAS:

Lorenne, Kisy e Lorrayna

PONTEIRAS:

Gabi, Ana Cristina, Julia Bergmann, Karina e Pri Daroit

ENTRADA E SAÍDA DE REDE:

Rosamaria e Tainara

LÍBEROS:

Natinha e Nyeme

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O trabalho além do vôlei

Um questionamento que surge devido à presença de tantos novos rostos na seleção, é como a pressão sobre o time pode afetar as novatas. Daniela Berto, 44, ex-jogadora da Superliga e da seleção de base do Brasil, que agora atua como técnica do time sub-15 feminino do Clube Paineiras do Morumby, conta como a expectativa externa afeta o psicológico das atletas: “Se você não estiver com a cabeça boa, você não rende em quadra. E hoje em dia isso é muito pior, com as redes sociais a pressão sobre as atletas é bem maior. Qualquer atleta já se cobra muito para dar seu melhor sempre, e ainda existe toda essa pressão externa de pessoas que vivem criticando e rebaixando os jogadores”.

A primeira etapa desta edição da Liga das Nações aconteceu na cidade de Shreveport-Bossier, no estado da Luisiana, nos EUA. O primeiro jogo foi contra a Alemanha, e havia muitas expectativas sobre o desempenho da equipe depois da renovação, principalmente como as jogadoras mais jovens iriam se comportar durante a partida.

O jogo foi muito equilibrado, e o Brasil acabou vencendo as alemãs por 3 sets a 1. Apesar de ter sido um jogo muito apertado, as novatas mostraram muita maturidade e concentração em quadra. A ponteira Julia Bergmann foi a principal jogadora do Brasil na partida, ela teve 19 pontos em seu primeiro jogo como titular da seleção. O Brasil, no geral, se mostrou muito forte no bloqueio, tendo como destaque a central Ana Carolina, que fez 6 dos 13 pontos da seleção nesse fundamento.

No último jogo da primeira etapa da Liga das Nações, o Brasil enfrentou a seleção dona da casa e grande favorita ao título, a seleção dos Estados Unidos. O jogo foi dominado pelas americanas do primeiro ao último set, terminando em um rápido 3 sets a 0 para os EUA. A seleção brasileira não conseguiu jogar o mesmo voleibol das partidas anteriores, nenhuma jogadora da equipe passou dos 10 pontos individuais. Porém, um aspecto positivo da disputa foi que a seleção novamente teve menos erros que seu adversário.

O bloqueio seguiu sendo o fundamento de maior efetividade nos primeiros jogos da competição, seguido do ataque, que contou com a ponteira Gabi Guimarães a partir da segunda rodada, que foi disputada em solo brasileiro.

Após o fim das partidas no ginásio Nilson Nelson, em Brasília, a seleção alcançou o terceiro lugar no ranking da VNL, somando 18 pontos, sendo seis vitórias e apenas duas derrotas.

Na perspectiva da ex-jogadora Fofão, o que não pode faltar na seleção feminina é vontade e raça para jogar, algo que, segundo ela, não faltou na equipe mesmo na última partida. “Pela primeira vez temos uma seleção tão jovem, e elas estão sabendo mostrar seu valor. É preciso calma nesse momento tanto por parte delas quanto de quem assiste para entender que esse é o período para ganhar experiência.” , afirma.

O próximo compromisso da seleção feminina de vôlei está marcado para o dia 29 de junho, quando enfrenta a China, partida válida pela terceira rodada da Liga das Nações, que será disputada em Sofia, na Bulgária.

Editado por Nathalia Jesus

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