Supervisor de Esportes da Confederação Brasileira de Skate diz o que esperar da estreia do esporte nas Olimpíadas de Tóquio
Ainda que seja conhecido como País do Futebol, o Brasil também é a segunda maior potência do skate no mundo. Mesmo com a popularidade, a estreia do skate nas Olimpíadas foi somente na 32ª edição dos Jogos. Chegando ao Brasil na década de 60, o skate já conta com mais de 8,5 milhões de praticantes em território nacional – em 2016, o país já tinha mais atletas da modalidade que os Estados Unidos.
Hoje, são 17 skatistas que recebem apoio da Bolsa Atleta Federal, uma das áreas que mais ganha incentivos do Programa Atleta Pódium. “O skate nacional vive um grande momento de investimento. Apesar de toda a crise econômica que o país está passando na pandemia, há investimento na cena”, afirma Ed Scander, supervisor de esportes da Confederação Brasileira de Skate.
Com performances de alto nível, a visibilidade dos skatistas brasileiros ultrapassa o público nacional. Conquistando mais da metade dos pódios e títulos internacionais da última década, os atletas vêm chamando a atenção de fãs ao redor de todo o mundo. Pamela Rosa é considerada uma das favoritas na modalidade. Ela já foi a skatista mais nova a ganhar medalha de ouro nos X Games, quando tinha apenas 16 anos, e hoje é uma das maiores medalhistas do evento.
O skate foi uma das poucas modalidades a aproveitar o atraso das Olimpíadas de Tóquio em decorrência da pandemia do coronavírus. Os treinamentos passaram a reunir os atletas das modalidades park e street em um só local de treinamento, em uma das melhores skateparks indoors do mundo, localizada na Califórnia. A equipe, que reunia 22 atletas, passava por testagens laboratoriais constantes, o chamado modelo “bolha”. Através desse sistema, a equipe pode, segundo Ed, experimentar o gosto de reunir todos os atletas, entre experientes e novatos – que normalmente nem treinavam juntos -, em um mesmo local por muito tempo pela primeira vez.
Ainda que a estreia do skate seja tardia, diversas seleções mundiais também possuem atletas de renome que prometem surpreender nas pistas. Algumas seleções citadas por Ed, que, com seu olhar clínico, monitora também outras equipes, foram os Estados Unidos, Canadá, Japão e Suécia. Jordyn Barratt (norte americana), Ryan Decenzo (canadense), Aori Nishimura (japonesa) e Hampus Winberg (sueco) são grandes nomes dessa edição. Nessa categoria, estreará a britânica mais nova a competir uma edição das Olímpiadas, a jovem Sky Brown de apenas 12 anos. Representando o Brasil, Rayssa Leal, de 13 anos, também está participando dos Jogos.
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“A expectativa é de uma grande confraternização histórica”, diz Ed sobre a estreia. Ele acredita que a participação irá mostrar ao mundo o que ele afirma ser o real intuito do skate: “na cultura do skate, você é seu real adversário. As Olimpíadas mostrarão para o mundo o quanto skate vai muito além de um esporte, é uma cultura de confraternização e diversidade”.
De um ponto de vista mais passional que técnico, as Olimpíadas também são aguardadas com entusiasmo pelos fãs do esporte. Lucas Costa Conceição, 18 anos, é um dos muitos que têm altas expectativas para a estreia da seleção brasileira de skate na competição.
“Skate é arte, skate é vida”, afirma Lucas, apaixonado pelo esporte, praticante e espectador de campeonatos nacionais e internacionais. “Eu vi os brasileiros competindo em campeonatos lá fora e fiquei muito feliz, pô, eles são brasileiros”, comenta. Em relação às Olímpiadas, Lucas não só espera que elas tragam mais seriedade, respeito e atenção para o skate, mas também um novo reconhecimento do potencial do Brasil pelo mundo. “Espero que leve ouro, prata ou bronze, mas só de ter um brasileiro em um campeonato olímpico, já é uma felicidade”
A inserção do skate na categoria de esportes olímpicos também trouxe uma melhora na prática para aqueles que não são profissionais. Segundo Lucas, é notável como a infraestrutura das pistas melhorou ao longo dos anos e consequentemente atraiu atenção de muitas pessoas que eventualmente se tornariam praticantes. Ele espera que, nas Olimpíadas de Tóquio, os investimentos aumentem e que o esporte seja cada vez menos desmarginalizado.
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