Em entrevista a ESQUINAS, jornalista esportivo dos canais Disney defendeu lockdown e nova paralisação do futebol
“Imagina a gente numa praia, tomando uma cerveja, pedindo um camarãozinho, e lá no horizonte tá vindo um tsunami com ondas de 30 metros. Você tá vendo aquele tsunami chegar, mas você pede outra cerveja. Ao invés de sair correndo, você pede outra cerveja. Quando o tsunami estiver a 10, 15 metros ou quando já tiver passado por você e te matado, aí você vai tomar as medidas. Então, o tsunami já chegou”. A metáfora, utilizada pelo jornalista esportivo Paulo Calçade, dos canais Disney, revela sua opinião sobre a gestão da pandemia da covid-19 no Brasil e, ainda, sobre a manutenção das atividades futebolísticas no País em meio ao caos. Segundo ele, uma nova paralisação do futebol é questão de tempo: “Acho que tem algo muito maior que estamos tentando evitar. O futebol, se não parar agora, vai parar depois”.
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Em São Paulo, onde esse debate é acirrado entre o governador João Doria e o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro, o recorde de vítimas diárias pelo vírus é constantemente superado. Nesta segunda-feira (22), foram 1021 mortes no estado. As medidas de restrição no estado vão até 11 de abril e, por isso, o Campeonato Paulista, que seria na capital, foi vetado. No mesmo dia, times paulistas chegaram a Volta Redonda, no Rio de Janeiro, onde a bola já rolou.
A decisão de mudar o local do Paulistão indignou torcedores nas redes sociais, como a flamenguista Tereza Ferreira, que esbravejou no Twitter: “Estado de SP no vermelho e os caras lá entrando na justiça p n (sic) paralisar o futebol. Paulistão só se mostrou uma várzea que tds (sic) já sabiam”.
A cidade escolhida para sediar os jogos ficou sem vagas de UTI da rede pública para pacientes de covid-19 no último sábado, 19 de março. E, segunda-feira, ultrapassou a marca de 500 mortes pela doença, segundo o jornal fluminense Diário do Vale.
“Manter o futebol é uma questão de tempo porque quando a coisa chegar a 3000 mortos [por dia] — aliás, dizem que já chegou, porque alcançamos 2800 sem os dados de Minas Gerais –, nós vamos perceber que na verdade não faz sentido nenhuma atividade”, diz Calçade. A entrevista foi feita antes de o Brasil atingir, esta semana, a triste marca de mais de 3 mil mortes em 24 horas.
O jornalista completa, defendendo medidas mais restritivas para conter o avanço da pandemia: “Os cientistas, quem tem responsabilidade, diz que o lockdown tinha que ser geral! Geral! Nós estamos na maior crise sanitária da nossa história, sem hospital pra ninguém, todos fase vermelha, as UTIs já passaram do limite. Aí eu te pergunto: como é que a gente faz?”
Não se sabe o que vai acontecer com o futebol no Brasil, já que os principais responsáveis pelo esporte no País são contra a paralisação, enquanto uma parcela dos governadores se mostra a favor. Como no caso do Campoenato Paulista, que teve dois jogos em Volta Redonda, diversas partidas foram realocadas. Jogos da Copa do Brasil em que houver participação de algum time paulista também serão movidos, caso do Corinthians, que jogará contra o Retrô (PE) nesta sexta-feira (26) também na cidade fluminense.
“Nós estamos perdidos aqui no Brasil, não temos governo preocupado com o povo. Ou o mundo percebe que nossa obra, como o futebol, é coletiva e não individual, ou não vai acabar nunca isso daí”, finaliza Calçade, defendendo a necessidade de agir coletivamente contra o vírus.
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