Super Final da Stock Car: uma disputa entre a tradição e o novo - Revista Esquinas

Super Final da Stock Car: uma disputa entre a tradição e o novo

Por Luiz Felipe Forelli Santana : dezembro 15, 2022

Rubens Barrichello celebra o título com seu troféu. Foto: Duda Bairros

O encerramento da temporada de Stock Car foi marcado por alegria entre os pilotos fora das pistas, mas com com confusão dentro delas

ESQUINAS cobriu in loco a Super Final da Stock Car Pro Series Brasil, em que três campeões disputaram mais um título, e um tinha chances de ser o primeiro estrangeiro a vencer o campeonato da categoria mais importante da América do Sul.

Antes que Daniel Serra (3), Rubens Barrichello (1), Gabriel Casagrande (1) e o argentino Matias Rossi se colocassem na pista para uma disputa acirrada, foi no campo que os pilotos tiveram a oportunidade de ter o primeiro contato uns com os outros.

A semana foi iniciada em grande estilo com o futebol beneficente da categoria junto com o preparador físico Vander Pereira. A iniciativa acontece há 20 anos e é sempre marcada por ser um momento de descontração entre os pilotos, além de estar atrelado a um propósito particular, arrecadar recursos para ONGs e instituições filantrópicas. Esse ano, a organização escolhida foi a Cajec, que auxilia crianças com câncer.

Futebol beneficente no Esporte Clube Pinheiros
Foto: Duda Bairros

Indo à pista, a sexta-feira foi ensolarada, como todo o final de semana. A temperatura média era de 30 graus no Autódromo de Interlagos. A temperatura de 57º sobrepunha à pista, que por sinal estava bem emborrachada, devido às categorias de base que andaram pelo circuito. A condição do asfalto era excelente para os pilotos – quente e com aderência. O típico treino perfeito na pista mais amada pelos pilotos da Stock Car. O melhor tempo do dia foi de Matias Rossi com 1m 40s 253. Ambos os treinos foram liderados pelos candidatos ao título – Daniel Serra, com seu Chevrolet Cruze, e do argentino, em seu Toyota Corolla.

Matias Rossi no treino livre 1 de sexta-feira
Foto: Duda Bairros

A classificação, no sábado, é o momento em que os pilotos precisam fazer a volta mais rápida para determinar sua posição inicial na corrida 1, no domingo. O merecedor da pole position foi o estreante do grid, Felipe Batista. A volta de 1m 40s 617 foi o suficiente para o piloto de 19 anos largar na primeira posição.

O Q3, a última fase da classificação em que entram somente seis pilotos, apenas recebeu os três candidatos ao título na sessão. Curiosamente os três pilotos permaneceram um atrás do outro: Matias Rossi na 2ª posição, Daniel Serra na 3ª posição e Rubens Barrichello em 4º. Gabriel Casagrande não obteve sucesso em suas duas tentativas de volta no Q2 e largou na 8ª posição.

Felipe Baptista e seu troféu da pole position
Foto: Duda Bairros

O domingo de corrida foi lotado por cabeças de gasolina. Filas de carro percorriam a avenida, ao lado do autódromo, para marcar presença ao espetáculo que viria.

A corrida, em Interlagos, foi, como de costume, intensa do início ao fim.

Reginaldo Leme no paddock em Interlagos
Foto: Luiz Forelli

Corrida 1

Inicialmente, as posições dos cinco primeiros permaneceram inalteradas. Casagrande largou de forma precisa, conseguindo lutar pela sexta posição com Massa e Khodair, mas na curva 4-5 acabou saindo da pista e caindo para 7º posição.

Faltando 22 minutos para o encerramento da prova, Thiago Vivacqua, piloto da Scuderia Chiarelli, perdeu os freios de seu Chevrolet e bateu em uma barreira de pneus na curva 1, ocasionando o safety car.

Thiago Vivacqua após a batida na curva 1, em Interlagos
Foto: Duda Bairros

Na retomada, a janela dos boxes abriu e os pilotos ingressaram para as trocas de pneus. E sem nenhuma novidade, novamente, houve um acidente nos boxes – Matias Rossi e Denis Navarro colidiram, adiando a chance do título para o argentino, que competirá pela Full Time no ano que vem.

Colisão entre Matias Rossi e Denis Navarro nos boxes
Foto: Duda Bairros

Os últimos 6 minutos até o final da corrida, Barrichello e Serra, protagonizaram a briga pelo segundo lugar que valeria pontos cruciais para o título. Neste momento, Rubinho ainda permanecia na frente com 320 pontos contra 316 de Serra, que só poderia fazer algo na corrida 2, já que Felipe Baptista permanecia quatro segundos na frente.

E assim terminou – Felipe Baptista venceu sua primeira corrida em seu ano de estreia na Stock Car, seguido pelos três finalistas – D. Serra, R. Barrichello e G. Casagrande. A corrida ao título parou com R. Barrichello somando 320 pontos, D. Serra com 317 e G. Casagrande com 307. O único que poderia alcançar Barrichello tranquilamente na corrida 2, era Serra.

Casagrande precisaria contar com a sorte de ver Serra e Barrichello fora da corrida e arriscar o máximo possível para conseguir os pontos necessários. Mas em Interlagos nada é impossível.

Felipe Baptista comemorando sua vitória no pódio, em Interlagos
Foto: Luiz Forelli

Corrida 2

A última corrida da temporada da Stock Car Pro Series teria três pilotos competindo pelo título. O que muitos não imaginavam é que em menos de 15 minutos a decisão do campeonato já estaria decidida.

Com a inversão do grid dos dez primeiros, Ricardo Maurício tomou a pole position. Casagrande ficou com a 7º posição, Barrichello em 8º e Serra com a 9º.

Ao contrário da largada na primeira corrida, o meio do grid foi uma bagunça, principalmente com os três candidatos ao campeonato. Barrichello perdeu o controle de seu Corolla, rodou e bateu, Casagrande atingiu Serra que também bateu na mureta de proteção. Ambos os pilotos caíram de posição, apenas o campeão de 2021, Casagrande, conseguiu manter seu carro na pista e com o título caindo em suas mãos.

O carro de Rubinho ficou com a parte traseira esquerda danificada, mas conseguiu ir aos boxes e voltar à pista. Daniel Serra retornou para os boxes, mas teve que abandonar. Desta forma, o campeonato estava nas mãos por um ponto do piloto da Mattheis Voguel (Casagrande), que somava 321 pontos, contra 320 do piloto da Full Time Sports (Barrichello).

Batida na largada da corrida 2, em Interlagos
Foto: Duda Bairros

O safety car retornou à pista pela segunda vez, enquanto os comissários revisavam o incidente.

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Emoções finais da temporada

A corrida recomeçou faltando 20 minutos, com: R. Maurício em primeiro, seguido de F. Lapena e C. Ramos. Casagrande levava o campeonato na 7º posição, enquanto Barrichello estava na 21º.

Faltando 16 minutos para o encerramento, já sabíamos o campeão da Stock Car de 2021, devido a exclusão de Casagrande da prova. Mesmo com o carro amassado, Rubens Barrichello  vinha escalando o pelotão. Ele recebeu a informação que era campeão da Stock Car, somente depois da bandeirada.

No final da prova, tivemos uma cena sequer curiosa – Nelsinho Piquet e Felipe Massa brigando pela segunda posição. O curioso da história é pelo fato de Piquet ter sido um dos protagonistas a presentear Fernando Alonso no GP de Singapura e, consequentemente, ajudando a tirar o título de Felipe Massa, em 2008.

Massa vinha para seu primeiro pódio na categoria. Porém, na última volta, seu Chevrolet Cruze teve problemas e terminou na 16º posição.

Ricardo Maurício foi o primeiro a ver a bandeira quadriculada e venceu pela segunda vez consecutiva a corrida 2. Nelsinho Piquet, após escalar o grid, conseguiu seu primeiro pódio no ano, seguido de César Ramos.

Stock Car redime Fórmula 1?

Rubens Barrichello finaliza em 11º e garante seu bicampeonato, oito anos após o seu primeiro título.

Rubens Barrichello comemorando seu bicampeonato em cima do seu carro
Foto: Luiz Forelli

Barrichello e Interlagos não têm uma história promissora, conseguindo sua última vitória na década de 90, quando ainda corria pela Fórmula 3. Mas após domingo, o seu discurso e seu sentimento com a pista mudaram.

“Hoje eu posso ter a gratidão de que Interlagos está devolvendo um grande pedaço meu. Pra gente zerar as contas. Eu sempre amei Interlagos e Interlagos sempre me amou. Essa é a realidade”, diz o piloto.

“Mas houve alguns pormenores, especialmente 2003, quando eu estava nessa condição e eu vi meu carro ‘desligar’ quando meu carro ficou sem combustível. Essa foi uma que doeu. E hoje ela está sendo zerada”, acrescenta.

Rubens Barrichello celebra o título com seu troféu
Foto: Duda Bairros

Editado por Nathalia Jesus

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