Como musicoterapia auxilia no tratamento de doenças psicológicas - Revista Esquinas

Como musicoterapia auxilia no tratamento de doenças psicológicas

Por Amanda Ambrózio e Laís Souza Gomes : outubro 29, 2024

Musicoterapia usa frequências sonoras para induzir efeito de relaxamento e bem-estar. Foto: Reprodução/Pexels

Musicoterapia transforma a saúde mental e proporciona bem-estar aos pacientes em todo o Brasil, aponta especialista

A musicoterapia tem ganhado destaque como uma abordagem eficaz e inovadora no tratamento de transtornos mentais. Utilizando a música como ferramenta terapêutica, profissionais da saúde em todo o Brasil estão ajudando pacientes a enfrentar desafios como depressão, ansiedade e estresse.

Ela é um processo de intervenção terapêutica que, a partir de frequências sonoras, induz os mesmos efeitos dos antidepressivos no cérebro, causando sensações de satisfação, felicidade, relaxamento e bem-estar de forma natural e sem efeitos colaterais.

Nos últimos anos, o método se tornou um aliado no tratamento de transtornos psicológicos como o autismo, TDAH e demência, devido aos seus benefícios para a saúde mental e por ser um tratamento não invasivo.

Terapia e efeitos no cérebro

A musicalidade sempre fez parte da vivência humana. Seja ela por meio de sons da natureza, balbucios ou objetos. Mas a música como terapia se tornou popular a partir do século XX dado ao crescimento das pesquisas e interesse na prática.

As canções e melodias passaram a ser um recurso terapêutico de soldados que voltavam das guerras, graças aos traumas vividos nos conflitos, fazendo-os desenvolver transtornos mentais e emocionais.

Um exemplo atual é o de hospitais que utilizaram a musicoterapia para melhorar o humor e reduzir a ansiedade de pacientes infectados com Covid-19  durante a pandemia.

No tratamento dos transtornos psicológicos, a musicoterapia acessa a sensibilidade dos pacientes estimulando a expressão verbal e corporal, dependendo da evolução de cada pessoa. A prática com a música aprimora a percepção emocional e interpretação dos próprios sentimentos.

Além disso, as atividades que envolvem sincronia e sequências musicais, aprimoram as habilidades cognitivas e a atenção.

Os impactos na saúde mental não são apenas durante o tratamento, mas também no dia a dia. Musicoterapeuta e dona da ONG Ritmos do Coração, Viviane Fowler, destaca os benefícios:

“A música ajuda, ela traz uma abertura sensível, a música fala por você. Escutem música, é muito importante.”

musicoterapia

A música impacta e cria laços profundos entre os seres humanos. Foto: Lais Gomes/ESQUINAS
Lais Gomes/ESQUINAS

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Referência no tratamento

Na área, a ONG Ritmos do Coração se destaca como uma referência. Desde 2006, a organização promove a inclusão social de indivíduos com algum tipo de transtorno psicológico ou deficiência, em situação de vulnerabilidade, oferecendo tratamento e estímulo criativo.

Dedicada a proporcionar um ambiente acolhedor, a ONG conta com aulas de música, dança e teatro com o objetivo de desenvolver a autoestima, coordenação motora e a auto reflexão dos participantes.

Segundo Fowler, observar a evolução dos pacientes que frequentam o lugar é muito gratificante e é o que a motiva a continuar, apesar de todas as dificuldades.

O SUS, ONGs e clínicas particulares disponibilizam a terapia com música para pessoas de todas as faixas etárias que buscam pelo tratamento, mas é necessário ter diagnóstico profissional para iniciar as atividades.

“Apesar de fazer parte dos serviços de práticas integrativas oferecidas pelo SUS, as famílias relatam que mesmo com a prescrição médica nunca são chamadas. Em São Paulo, a clínica-escola da FMU oferece atendimento feito pelos alunos da graduação mediante uma taxa simbólica de R$ 40,00, um custo que as famílias em situação de vulnerabilidade econômica não conseguem pagar” aponta a musicoterapeuta.

Segundo Fowler, mesmo com a evolução e crescimento da musicoterapia, o tratamento está longe de ser uma prática viável para todos e enfrenta desafios que envolvem acessibilidade financeira e de transporte dos pacientes.

Editado por Bruna Blanco

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