O projeto Rádio Quintal, de Luiz Henrique Parahyba, está no ar desde o final de março e traz quadros sobre assuntos variados que viram podcasts
Durante a pandemia, Luiz Henrique Parahyba criou uma rádio online dentro da sua própria casa. No início de março, o paraibano e jornalista de 56 anos começou a montar a Rádio Quintal, e no final do mesmo mês ela entrou no ar. “Quando eu precisava estar em home office percebi o potencial que tinha. Eu possuía alguns equipamentos e coisas para gravar, então resolvi colocar em prática aquilo que eu já sei fazer, que é o rádio, e criei uma rádio 24 horas no ‘quintal’ de casa”, conta Luiz.
O projeto surgiu com o objetivo de entreter e informar as pessoas que estão em isolamento. De acordo com ele, o lema da rádio é: “Fique em casa com informação livre”. A sua relação com a tecnologia e seu histórico com movimentos populares também motivaram a criação da Rádio Quintal.
Em relação à programação, há sete quadros que são feitos por colaboradores e depois de prontos eles viram podcasts que são postados na plataforma SoundCloud. “Uma amiga minha daqui da Paraíba, que é jornalista e humorista, faz o quadro ‘Romye Office’. Outro programa é o ‘Dose Certa’, e ele é feito por um médico de família e comunidade cubana que mora no Mato Grosso”, conta.
Dificuldades na criação
A rádio funciona na mesma casa em que Luiz Henrique Parahyba viveu na infância, em João Pessoa, no bairro popular Torre. “Resolvi fazer uma adaptação na minha sala de leitura com um pequeno revestimento acústico usando minhas economias pessoais. Chamei um amigo que é marceneiro e ele colou algumas espumas na parede, foi uma dificuldade para comprar a espuma”, conta. “Foram 15 dias de obras de uma coisa muito simples, colocar compensados nas paredes, as espumas e a iluminação. Aqui é uma casa velha e descobri que a casa era cheia de problemas, embaixo do estúdio tinha um fossa séptica que afundou”, completa Luiz.
A Rádio Quintal conta com alguns parceiros que cederam microfones e outros equipamentos. ”Por exemplo, um diretor da Confederação dos Agricultores, que fica em Brasília, me deu 300 reais para comprar um microfone e eu juntei mais 50 para comprar três microfones de uma vez”, diz.
Contudo, ainda existem os custos fixos para manter a rádio funcionando. “A internet que era R$60, agora é R$120 e a energia da minha casa estourou, porque tem o ar condicionado, luz e o computador que ficam ligados noite e dia. Também tive que comprar um domínio e um streaming para a transmissão e essas despesas ainda estão todos na minha conta”, explica Luiz.
“Além de tudo isso, preciso entregar o computador para um amigo que me emprestou já tem mais de 6 meses, e é um computador caro que precisa de uma placa de áudio e configuração boa, mas eu vou me segurando”, relata.
Futuro da Rádio Quintal
O desejo de Luiz é que a Rádio Quintal possa continuar depois da pandemia e seja ampliada. “Só pretendo continuar, porque a comunicação não é apenas na pandemia, nós estamos ajudando a pessoa que está ouvindo uma boa música e se informando. Se a rádio ajudou uma pessoa, já está bom, mas ela ajudou mais”, comenta.
“Nós estamos desenvolvendo um aplicativo popular para rádio, mas isso tem um custo, o desenvolvedor precisa ser pago. Essa rádio deveria ser apropriada por mais gente. Eu queria que mais gente participasse”, finaliza Luiz.
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