Evento gratuito teve início nesta quarta (8) e término no domingo (12); autores renomados compareceram e participam de bate-papo com o público
A partir da segunda quarta-feira de junho (8), a praça Charles Muller, localizada em frente ao Pacaembu, se transforma em um evento a céu aberto do interesse de todos os leitores paulistanos: A Feira do Livro 2022.
Ocorrendo das 10h às 21h após os dias de sua abertura, o evento contará com a presença de 120 editoras, livrarias e instituições ligadas a livros como um todo. É organizada pela associação sem fins lucrativos Quatro Cinco Um, que busca disseminar a literatura nacional pelo país.
Os dois primeiros dias contaram com palestras de grandes nomes da literatura como Mia Couto (Terra Sonâmbula), Lilia Schwarcz, Ailton Krenak e Yussef Campos.Em entrevista na praça pública com a intermediação de Paulo Werneck na noite de quarta-feira, Mia Couto e Lilia Schwarcz compartilharam sobre seus recentes lançamentos, O mapeador de ausências e Sobre o autoritarismo brasileiro, respectivamente.
“Pensei que talvez fosse um momento na minha vida para falar sobre a minha infância. É como se minha infância fosse minha primeira pátria, e eu regressasse sempre à ela”, relembra Mia sobre as suas origens, que inspiraram o livro. “Voltei a minha cidade, Beira, e descobri que meu lugar de infância não existia – eu inventei. Até aquilo que esqueci, inventei. Uma dessas invenções foi meu pai, que vejo que era uma figura totalmente ausente.”
“É muito bonito ver tanta gente reunida por causa de livros, pela literatura, pela cultura”. O autor, durante o bate papo com Lilia Schwarcz e Paulo Werneck, diz que as ruas do Brasil chamam, e as pessoas contam histórias.
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Democracia e literatura feira do livro
“É importante e gratificante presenciar esse momento de celebração da literatura na praça Charles Muller, onde presenciei o primeiro comício das Diretas Já”, discursa Eduardo Suplicy, ex-Senador de São Paulo por 24 anos e atual vereador, que também esteve presente também na Feira do Livro.
O movimento simbolizou a revolta popular contra a ditadura militar, buscando conquistar o voto direto e democrático. Lilia Schwarcz comenta sobre a resistência que os livros representam para a população neste período.
“É uma alegria ver uma praça cheia para falar de livros, para pensar nos livros. Estamos num governo contra os livros, contra a Academia, contra o jornalismo e contra a ciência.”, comenta.
Para uma plateia atenta e ativa, Lilia acrescenta sobre a conjuntura política atual e sobre o ano de 2022: “2022 é o ano. Dez anos da política de avaliação de cotas, de cem anos da Semana de Arte Moderna e da morte de Lima Barreto. Teremos o bicentenário da Independência, e é hora de decidir se iremos contar a mesma história masculina, palaciana e conservadora ou uma outra história de independência. Junto a isso, é ano de eleição.”
“A única arma da democracia é o voto, e precisamos votar muito bem em outubro de 2022.” . É aplaudida pelo público.