Conhecido como o fotógrafo que previu o surrealismo, obras do fotógrafo americano Man Ray ganham exposição no Centro Cultural Banco do Brasil
Capaz de desfocar fotos, iluminá-las e inverter tons, o artista Emanuel Radnitzky ficou conhecido como homem raio por suas experimentações no meio artístico. A mostra Man Ray em Paris que abrange os anos de maior experimentação do fotógrafo é exibida no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até dia 28 de outubro. São apresentados 255 trabalhos de Man Ray, entre objetos, filmes, fotografias e serigrafias, nunca antes vistos juntos.
Foi em Paris onde sua arte melhor se desenvolveu e repercutiu. Em 1921, o dadaísta Marcel Duchamp convenceu Man Ray a mudar-se para a França, onde morou por três décadas. “Ninguém estudava e nem entendia o que ele [Man Ray] estava fazendo lá em Nova York, por isso foi para Paris, onde era o melhor lugar para ir”, explica a curadora francesa da exposição Man Ray em Paris, Emmanuelle de L’Ecotais.
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Apesar de ter trabalhado com outros formatos artísticos, foi com a fotografia que Man Ray se consolidou como um expoente do surrealismo. André Breton, precursor desse movimento, descrevia Man Ray como um “perfeito técnico da fotografia e alguém da estirpe dos melhores pintores”. Uma de suas principais obras que evidencia o surrealismo e, que está exposta na mostra, é a fotografia Les Larmes (1932). Nela olhos hipermaquiados de uma dançarina de cancã ocupam toda a imagem. O limite de uma fotografia supostamente documental é ultrapassado quando Man Ray acopla bolhas de vidro sobre a pele da modelo, imitando lágrimas.
O artista chegou a inventar técnicas em suas fotografias gerando novas imagens a partir da imaginação. A raiografia, por exemplo, é feito a partir do posicionamento de objetos diretamente sobre um papel sensível e a exposição à luz durante alguns segundos, resultando no registro da sombra do objeto, em um jogo de claro-escuro. Man Ray utilizava também a técnica da solarização, invertendo os valores tonais de algumas áreas das imagens. Ambas as práticas são as principais responsáveis pelo tom surrealista do trabalho do artista. Man Ray aventurou-se também pelo nu artístico e pela fotografia de moda. Nos anos trinta, contribuiu para a revista Vogue e para a revista de luxo Harper’s Bazaar com suas fotos.