O britânico ultrapassou Mitch Evans na penúltima curva e garantiu a primeira vitória da McLaren na Fórmula E
A quarta etapa de 2024 da Fórmula E aconteceu no último sábado (16), no circuito de rua construído ao redor do Sambódromo do Anhembi. A categoria precursora em carros elétricos correu pela segunda vez na cidade de São Paulo. Segundo a organização do evento, neste ano foram vendidos 25 mil ingressos, um aumento de dois mil se comparado ao ano anterior.
Início de temporada
A pré-temporada no automobilismo é definida por mudanças de pilotos no grid, conhecida como “Silly Season” – termo em inglês utilizado para explicar as férias entre as temporadas. O período se destacou pela alta troca de contratos entre pilotos e equipes, a maior já vista na história da Fórmula E.
Dentre todas as equipes, apenas três permaneceram com a mesma dupla de pilotos: ERT Formula E Team, DS Pense e TAG Heuer Porsche. A mudança mais significativa ficou para a Jaguar, equipe mais forte do grid, dos neozelandeses Nick Cassidy, que terminou em terceiro na temporada passada da Envision Racing, e Mitch Evans, ganhador do E-Prix São Paulo 2023.
Esse vai e vem de pilotos também afetou Nyck de Vries. No ano passado, o holandês estava na Fórmula 1 e correu por lá até a metade da temporada. Para 2024, o piloto retorna a Fórmula E representando a equipe Mahindra.
“Está sendo ótimo, me sinto muito bem-vindo, todos são muito solidários e estou realmente gostando de trabalhar junto com a equipe”, conta à ESQUINAS.
O que rolou no último sábado?
A largada ocorreu bem e sem paralisações, o que ficou movimentada foi a pista com disputas por posição já logo no começo. O primeiro Safety Car entrou na sétima volta quando Cassidy bateu no muro após perder o bico de seu carro. Mas a corrida seguiu, volta por volta com ultrapassagens e mudanças de líder.
Porém, o momento decisivo, protagonizado pelo inglês Sam Bird, da McLaren, e Mitch Evans, da Jaguar, aconteceu na última volta. Evans liderava e estava a poucos metros de ganhar a corrida, como fez no ano passado. Mas Bird o ultrapassou na penúltima curva antes da linha de chegada. Ao final, o pódio foi preenchido com Bird, em primeiro; Evans, em segundo; e Oliver Rowland, em terceiro.
ESTE MOMENTO. 🤯
Esta é uma das maiores ultrapassagens da história da Fórmula E e não nos dirão o contrário. #SaoPauloEPrix @SamBirdOfficial 👏 pic.twitter.com/gFENTppncK
– Fórmula E (@FIAFormulaE) 16 de março de 2024
A vitória de Bird é a primeira com a nova equipe, além também de ser a primeira da McLaren na categoria. “Esta vitória definitivamente tem um significado muito especial, por ser a primeira que conquistei com a McLaren”, disse o britânico durante a coletiva de imprensa.
“Um pouco frustrante, porque tinha energia sobrando. Mas tudo bem perder para o Sam, ele passou por um período difícil, é bom vê-lo de volta. Ele fica bem de laranja”, lamentou Evans.
Na região da pista, a temperatura bateu 38º, a alta no ambiente surgiu pela primeira vez na temporada. Até o último final de semana, pilotos e equipes não haviam testado os carros em um clima semelhante.
“Foi a primeira corrida em que enfrentamos problemas com a temperatura. É um choque para todos, estamos tentando entender o que aconteceu”, comentou o piloto Jake Dennis, da Andretti.
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Sustentabilidade na Fórmula E
A Fórmula E surgiu com objetivo de testar novas tecnologias no ramo da eletrificação. No atual grid da categoria, montadoras encaram essa questão como uma opotunidade de aprimorar seus veículos que serão comercializados.
Hoje, a proposta dos organizadores é tornar a categoria cada vez mais sustentável. Sendo signatária do “Climate Change Now”, da ONU, programa que defende a redução de gases que contribuem para as mudanças climáticas. A FE é a pioneira no cenário automobilístico e prioriza a zero emissão de carbono.
Além do esporte ter uma pegada sustentável, os carros de 2024 (GEN3) são projetados para contribuir com o objetivo. As baterias são produzidas de forma que suas células possam ser reutilizadas e recicladas ao final de sua vida útil. As borrachas naturais e fibras serão usadas para produzir 26% dos pneus do GEN3.
A categoria quer ajudar na popularização do automobilismo elétrico e mostrar ao público que se trata de uma opção eficiente e mais vantajosa do que o carro movido a gasolina.
“A Fórmula E passa a mensagem de que a tecnologia está evoluindo e você pode ter na sua casa um carro elétrico que vai facilitar sua vida, baratear seu transporte e deixar o ar mais puro na cidade onde você mora”, comenta o piloto brasileiro Lucas di Grassi, da ABT Cupra.
Segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), só em janeiro de 2024 foram vendidos, em território nacional, quase o triplo de veículos elétricos quando comparado ao mesmo mês do ano passado. Os organizadores do evento sabem que, por mais que o Brasil esteja aumentando a eletrificação dos automóveis, os carros a combustão ainda são mais viáveis que os elétricos. Ao comparar os preços entre ambos os veículos, o elétrico ainda se mostra muito mais caro, enquanto um carro zero a combustão custa R$ 70.000, o elétrico chega por volta de R$ 100.000.