De Paris ao Anhembi: o caminho da Fórmula E para chegar no Brasil - Revista Esquinas

De Paris ao Anhembi: o caminho da Fórmula E para chegar no Brasil

Por Ricardo Taveira, Lucas Miyake e Júlia Salvi : março 27, 2023

Brasil recebeu sua primeira corrida de Fórmula E da história. Confira como a categoria principal de carros elétricos do mundo nasceu de um guardanapo

No último sábado (25), a cidade de São Paulo se juntou à cidades como Londres, Nova Iorque e Buenos Aires para sediar sua primeira corrida de Fórmula E. O evento, com a primeira sessão de treino livre às 7:25 e a largada marcada para 14:00 no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista, foi mais um grande passo na história do automobilismo brasileiro.

Como surgiu?

A ideia de uma categoria de monopostos totalmente elétricos surgiu em um encontro entre o ex-presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), Jean Todt, e um empresário espanhol, Alejandro Agag, em um restaurante nas ruas de Paris, na noite do dia 3 de março de 2011. A categoria foi criada com o objetivo de mostrar ao mundo a sustentabilidade trazida por carros elétricos e que eles são uma opção tão boa quanto os veículos à combustão, através de corridas nas ruas das cidades mais icônicas do mundo.

Três anos depois deste encontro, começava a primeira temporada da Fórmula E. A cidade escolhida para sediar a estreia foi a capital chinesa, Pequim. A corrida ocorreu nos arredores do parque olímpico usado nas Olimpíadas de 2008.

O vencedor desta prova foi o brasileiro Lucas Di Grassi e no mesmo ano o campeão da temporada de abertura da categoria foi Nelson Piquet Jr., filho do tricampeão de Fórmula 1, Nelson Piquet.

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Brasil na Fórmula E

Os brasileiros dominaram as primeiras três temporadas da categoria, sendo campeão na primeira, vice na segunda, quando Lucas Di Grassi perdeu o título por dois pontos, após seu rival, Sébastien Buemi, completar a volta mais rápida na última etapa da temporada, e, após um ano do vice-campeonato, Lucas consagrou-se campeão na cidade de Montreal (CAN), terminando 24 pontos a frente de Buemi e trazendo o título para o Brasil novamente.

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Lucas Di Grassi comemorando vitória após vencer nas ruas parisienses em 2016
Liondartois / Wikimedia Commons

Ao longo destes nove anos, seis pilotos brasileiros passaram pela categoria, além de Di Grassi e Piquet Jr., já correram: Bruno Senna, Felipe Massa, Felipe Nasr e Sergio Sete Câmara.

Devido à grande história brasileira no mundo do automobilismo, desde a primeira temporada havia o interesse da FIA de ter o Brasil em seus planos. A cidade do Rio de Janeiro deveria ter sediado a etapa brasileira, porém, problemas judiciais impediram a realização do ePrix. Durante a temporada de 2017/18, o Brasil voltou aos planos ser sede de uma corrida, porém, divergências políticas impediram que ela acontecesse no Parque do Ibirapuera (SP). No ano de 2022, durante o ePrix em Mônaco, finalmente o velho sonho da Fórmula E se tornou realidade, confirmando a etapa no Brasil para março de 2023, correndo no templo do carnaval paulista, o Sambódromo do Anhembi. O piloto e campeão Lucas Di Grassi foi um dos principais responsáveis pela vinda do torneio para a capital paulista, sendo um dos pilotos que estão na categoria desde 2014.

Não foi a primeira vez que o Sambódromo se tornou palco de um evento automobilístico, em seus 32 anos de história, ele já recebeu quatro etapas da categoria norte-americana, Formula Indy. O Anhembi está localizado no bairro da zona norte paulista, Santana, no mesmo lugar onde nasceram Chico Landi e Ayrton Senna.

A evolução da categoria

Com o passar do tempo, a categoria ganhou uma certa relevância no mundo do automobilismo. Tendo nesta temporada 11 equipes compondo o grid, dentre elas seis montadoras de carro, entre elas: Nissan, McLaren, Jaguar, Maserati e Porsche investiram na categoria. As equipes restantes são Nio 333, Mahindra, Envision, DS Penske, Avalanche Andretti e ABT Cupra.

Um dos objetivos iniciais da Fórmula E é a evolução de carros elétricos por meio do investimento das equipes em tecnologias para seus carros. O aumento da popularidade e do investimento na categoria, já fez com que inúmeras melhorias criadas pela Fórmula E fossem implementadas em carros de rua, como maior potência nos motores elétricos, maior eficiência das baterias e a melhora nos sistemas de regeneração de energia utilizando o sistema de frenagem.

Este fato foi um ponto decisivo para a vinda da Fórmula E ao Brasil, como visto na fala do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes: “Uma corrida com carros exclusivamente elétricos vem ao encontro do nosso Programa de Metas, que tem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.”.

A temporada 2023 da Fórmula E teve seu início na Cidade do México (MEX) passando também por Diriyah (KSA), em rodada dupla, Hyederabad (IND) e Cidade do Cabo (RSA).

Editado por Nathalia Jesus

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