Tattoo Week SP 2022 reúne temática social e público inclusivo - Revista Esquinas

Tattoo Week SP 2022 reúne temática social e público inclusivo

Por Mariana do Patrocínio, Marien Ramos e Mayara Campos : outubro 25, 2022

Tatto Week de SP é a maior exposição de tattoo e body piercing do mundo. Foto: Mayara Campos Passos

Maior convenção de tatuagem do mundo, Tatto Week em SP contou com temática social, mais de 500 stands e 5 mil expositores

A 10° edição da Tattoo Week São Paulo, a maior convenção de tatuagem e body piercing do mundo, ocorreu entre os dias 21 e 23 de outubro no Expo Center Norte. O evento busca ser uma plataforma para popularizar a arte da tatuagem do país, conectar o público com essa cultura, divulgar novas tendências na área e promover o intercâmbio internacional entre os profissionais. 

A faixa de preço dos ingressos variaram entre R$30 a R$120 e, na sexta-feira (21), a entrada foi estabelecida mediante doação de 2 kg de alimentos. No sábado (22) e no domingo (23), a meia-entrada social operou no mesmo esquema, sendo concedida para quem fizesse a contribuição com alimentos.   

Atrações e interatividade 

A programação de 2022 contou com shows das bandas Eyedrop, Big Up e do grupo de rap Haikaiss no sábado (22). No domingo, Mato Seco e o cantor Di Ferrero ocuparam os palcos do evento. Sessões de acupuntura gratuitas para tatuadores, exposição de capacetes customizados, realização de tatuagem em decalque para crianças e workshops fizeram parte das manhãs da convenção. Houve mais de 650 estandes, somando mais de 5 mil expositores.  

O concurso de Miss e Mister Tattoo Week 2022 foi um dos principais atrativos da temporada. As categorias comics/anime, old school/tradicional europeu, pontilhismo, blackwork, lettering/caligrafia, colorido, preto e cinza, temas brasileiros, Melhor de sábado, oriental, new school, realismo, neotradicional, portrait, fusion, Melhor de domingo e Melhor do evento foram as categorias premiadas no festival.   

A Tattoo Week contou com atividades imersivas, na qual se proporcionava maneiras de aprender a arte de tatuar de modo interativo, com equipamentos e tintas específicas. Houve também feiras de máquinas, agulhas e bobinas de marcas variadas. Carla Mendes, 46, com 20 anos de tatuadora, ressalta a evolução e diversidade dos materiais no Brasil. Ela conta que foi “a primeira mulher no Brasil a ganhar um prêmio internacional em uma convenção, isso em 2003. Agora eu vejo que está muito mais aberto, tanto o mercado de não ter mais o preconceito com as artes quanto a materiais também está muito evoluído”. 

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Cicatrizes que contam histórias 

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Histórias de vida 

A exposição também se mostra relevante a partir do comprometimento com causas sociais. “Aqui a gente tá arrecadando dinheiro para resgatar vidas na rua, pessoas que usam drogas, em situação de rua e que tem o desejo de dar um basta na dependência química. A gente salva vidas. Eu sou uma dependente, ‘tô’ limpa há 5 meses e alguns dias e eu sou muito grata à dona da clínica, a Danila, que me ajudou muito nessa luta, nesses dias. Hoje eu estou aqui ajudando ela a ajudar outras vidas”, relata Carolina Saraiva, 22, que estava presente no stand do Instituto Efrata. 

Para além da estética, as tatuagens refletem a história de cada cliente.  “Eu sou bailarina desde os 5 anos de idade e eu nasci dançando, a minha mãe também é professora de balé. Depois que eu descobri uma doença recentemente, dançar continua sendo minha salvação, então, a dança para mim é tudo!”, conta Lara, 19, que expressa sua personalidade e história de vida por meio do desenho de bailarina estampado em suas costas.  

‘Vai significar muito’ 

Nesse ano, a edição promoveu, com o projeto Arte com Paixão, a doação de tatuagens e realização de micropigmentação de sobrancelhas e mamilos gratuita para mulheres que tiveram câncer. Segundo a Agência Brasil, foram previstas 180 doações de micropigmentação de sobrancelhas e 20 micropigmentação paramédicas de reconstrução das aréolas dos mamilos. O projeto We are diamonds (Nós somos diamantes, em tradução livre) também doou tatuagens de segurança para pacientes com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. 

Thalita, 34, ressalta as contribuições da iniciativa em relação à autoestima dos participantes. “Está sendo maravilhoso porque a tatuagem está cobrindo uma cicatriz que eu tenho há 9 anos. Isso vai significar muito para minha autoestima, em questão de tudo, está fechando um processo do meu tratamento”, afirma. 

Thamú Candylust, tatuadore há 18 anos, conta que “esse ano foi a primeira vez que teve uma estante só de pessoas negras, que são mulheres e pessoas não-binárias.”. Elu, que acompanha a Tattoo Week desde a primeira edição, afirma que o espaço proporcionado pelo evento é muito importante para a cultura tattoo e body piercing, pois “foi um caminho difícil e solitário, mas a gente construiu tanta coisa porque a gente se uniu. Assim como nossos ancestrais”. 

Prestígio internacional 

O público do evento chama a atenção de Aramina, 35, que sai de Buenos Aires todos os anos para prestigiar a convenção. “Antes era como algo super obscuro e hoje em dia vem a família inteira, tem lugar para as crianças, então é um evento familiar. Há 10 anos atrás não era o que é hoje”, afirma. 

Carmen, 30, que andava pelo evento com sua filha Alice, 2, relata o motivo da visita à convenção: “Hoje eu mostro para os meus filhos que não é nada disso, o preconceito está dentro de cada um, hoje a gente vem para mostrar a eles a cultura e diversidade.” Ela conta que na época em que ela era criança não houve essa oportunidade, devido ao significado pejorativo atribuído às tatuagens.  

Em um dos estandes, com roupas estampadas para bebês, Monalisa de 7 anos, fazia uma tatuagem de caneta acompanhada da sua mãe, Yasmin, 37. “Eu acredito que é de muita importância principalmente para as crianças, porque elas crescem já nesse mundo sem preconceito e a arte para a gente é muito importante. Com certeza para serem adultos melhores”, conta.

Editado por Juliano Galisi

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