Turnê “Encontro”, que reúne a formação clássica da banda para comemorar os 40 anos de carreira, consagra impacto dos Titãs na história da música brasileira
O título de melhor banda da história do rock nacional certamente tem sido digno de debates e discordâncias por gerações a fio. No último fim de semana, entretanto, a discussão ganhou um novo capítulo, com a chegada da turnê “Titãs Encontro” em São Paulo.
Atendendo a um inacreditável público de 150 mil pessoas, a série de três shows da banda no Allianz Parque entre 16 e 18 de junho rendeu grande repercussão entre os fãs e os mais diversos veículos de comunicação. A tão aguardada reunião de Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Charles Gavin, Nando Reis, Sérgio Britto, Tony Bellotto e Branco Mello ocorre em um momento de celebração dos mais de 40 anos de carreira do grupo.
Ver essa foto no Instagram
A produção do show conta com imagens em resolução 4K e tecnologia de última geração para proporcionar ao público uma aproximação ainda maior com os sete músicos. Engana-se quem pensa que um espetáculo de tamanhas proporções privilegiaria determinado artista em detrimento dos demais, através de um extenso setlist com mais de 30 canções, todos os integrantes da banda tem seus momentos de protagonismo, distribuídos democraticamente ao longo de duas horas e meia de espetáculo.
Titãs: uma performance histórica
Com um repertório que perpassa as principais fases e álbuns da banda, “Titãs Encontro” é uma verdadeira viagem no tempo através da discografia do grupo. As músicas de “Cabeça Dinossauro”e “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” predominam no setlist, tornando cada um dos shows momentos de conexão para com os fãs.
Quanto à performance, os Titãs conseguem equilibrar perfeitamente a sonoridade característica de suas gravações com a potência que só o ao vivo é capaz de oferecer. Nando Reis, que há muito não dedilhava seu contrabaixo, retorna à função de baixista com o primor de quem nunca deixou o posto. Charles Gavin, por sua vez, entrega uma performance segura e potente, repleta de técnica e firmeza a cada batida, tornando as frases da bateria um ponto alto do show.
Transbordando carisma, as apresentações performáticas e envolventes de Paulo Miklos e Arnaldo Antunes roubam a cena, embaladas pelos inconfundíveis acordes de Tony Bellotto, que faz da guitarra um organismo vivo ao tocar riffs eternizados na memória dos fãs. Sérgio Britto é quem conduz a festa, com energia suficiente para levantar o astral de um estádio lotado com 50 mil espectadores por dia.
Branco Mello é certamente outro destaque da turnê. Sem voz desde 2021, quando teve que retirar um tumor das cordas vocais, o vocalista usa de toda sua disposição e comprometimento com o palco para presentear o público com uma performance poderosa e emocionante, ao cantar cerca de seis das músicas mais conhecidas do grupo.
É incontestável a felicidade e satisfação de todos os integrantes para com a turnê, com shows regados a sorrisos, coreografias vibrantes e, claro, qualidade musical inigualável. Entoando letras atemporais, o público composto por diferentes gerações viu o Allianz Parque ficar pequeno na última semana.
Marcelo Fromer presente
Uma ausência que ainda comove muitos fãs é a do guitarrista e compositor Marcelo Fromer, morto ao ser atropelado por uma motocicleta em junho de 2001. A banda não deixou um detalhe tão importante passar despercebido. Quem assume as linhas de guitarra de Fromer é Liminha, produtor de “Cabeça Dinossauro” e vários outros álbuns consagrados na história do rock nacional.
No momento mais intimista do show, o set acústico, Marcelo é homenageado com uma grande foto exibida nos telões. Alice Fromer, filha do guitarrista, presta tributo ao pai ao subir no palco e cantar “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar” ao lado de Arnaldo Antunes, canções compostas por Fromer.
Homenagem à Rita Lee
O espetáculo ainda reservou espaço para prestar homenagem à Rita Lee, artista consagrada na história da MPB e do rock nacional que morreu em maio deste ano. Juntos, Alice Fromer e os Titãs performaram “Ovelha Negra”, maior hit da cantora.
O futuro dos Titãs
Diante de uma turnê tão lucrativa e recheada de hits, o futuro dos Titãs enquanto banda permanece incerto. Apesar das insistentes negações dos integrantes em relação a um possível retorno do grupo, os fãs mantém as esperanças de que pelo menos um novo álbum seja gravado posteriormente. Por ora, só o tempo dirá o quanto esse gostinho de quero mais vai fazer pelos titãs do rock nacional.
A turnê “Titãs Encontro” já percorreu algumas das principais capitais do país como Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. Os próximos shows nacionais ocorrerão em Vitória (23/06) e Ribeirão Preto (30/06). A grande repercussão da reunião garantiu à banda apresentações internacionais: 03/10 na Flórida (EUA); 06/10 em Nova York (EUA) e 03/11 em Lisboa (Portugal).
VEJA MAIS EM ESQUINAS
Anos 80 de volta: por que hits antigos voltam a fazer sucesso?
Moda atemporal de Rita Lee: peças da cantora que marcaram sua carreira
Setlist do Show
Set 1:
“Diversão”
“Lugar nenhum”
“Desordem”
“Tô cansado”
“Igreja”
“Homem primata”
“Estado violência”
“O pulso”
“Comida”
“Jesus não tem dentes no país dos banguelas”
“Nome aos bois”“Eu não sei fazer música’
“Cabeça dinossauro”
Set Acústico
“Epitáfio”
“Os cegos do castelo”
“Pra dizer adeus”
“Toda cor” (com Alice Fromer)
“Não vou me adaptar” (com Alice Fromer)
Bônus: Ovelha Negra (cover de Rita Lee)
Set 2
“Família”
“Go Back”
“É preciso saber viver” (cover de Roberto Carlos)
“32 dentes”
“Flores”
“Televisão”
“Porrada”
“Polícia”
“AA UU”
“Bichos escrotos”
“Miséria”
“Marvin”
“Sonífera ilha”
Site de divulgação da turnê: www.titasencontro.com.br
A discografia completa dos Titãs está disponível no Spotify.