“Mel faz Rita melhor do que ninguém”, diz diretor do musical sobre vida da cantora - Revista Esquinas

“Mel faz Rita melhor do que ninguém”, diz diretor do musical sobre vida da cantora

Por Giulia Zanini, Mariana de Oliver, Raissa Galvão e Sophia Lima : junho 5, 2024

Dez anos depois da estreia do sucesso "Rita Lee Mora ao Lado", a atriz Mel Lisboa volta a interpretar a roqueira em um musical inédito, desta vez inspirado na autobiografia da cantora. Foto: Divulgação/Teatro Porto

Com todos os ingressos vendidos e prorrogação da temporada, o novo musical que conta a história de Rita Lee destaca sua presença na sociedade atual

Dona de hits como “Lança Perfume”, “Ovelha Negra”, entre outras dezenas de músicas que marcaram décadas e gerações, a rainha do rock brasileiro deixou sua marca na cultura. Mesmo após seu falecimento, em maio de 2023, Rita Lee não deixou de ser amada pelos milhares de fãs que permanecem ouvintes de suas músicas. Além disso, a cantora recebeu, e ainda recebe, inúmeras homenagens, como é o caso do espetáculo “Rita Lee: uma autobiografia musical”, que estreou em abril. 

Rita Lee Jones

Nascida no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, filha de um dentista e uma pianista, Rita Lee Jones teve, desde muito jovem, uma forte conexão com a música. A paulistana iniciou sua jornada artística entre as décadas de 60 e 70, como integrante do grupo de rock psicodélico “Os Mutantes”, banda considerada símbolo do movimento tropicalista.

Única mulher do grupo, ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, a rockeira se comportava muito à frente de seu tempo, convicta em suas ideias e corajosa nas decisões. O fator de ser mulher em uma época onde havia explicitamente uma inferiorização de gêneros na música, essencialmente no rock, nunca foi uma barreira para a estrela seguir suas paixões, cantar e produzir letras.

Em 1972, Rita deixou “Os Mutantes” e embarcou em carreira solo.

rita lee

A banda “Os Mutantes” é um dos maiores símbolos do movimento tropicalista.
Foto: Reprodução/Capa do disco "Mutantes"

No ano de 2016, a cantora lançou um livro autobiográfico “Rita Lee: uma autobiografia”, no qual aborda de maneira profunda e realista este e outros períodos de sua vida. O livro foi usado como fonte de inspiração do espetáculo agora em cartaz. 

O musical: Rita Lee e as barreiras da música 

A música possui barreiras? Se a resposta fosse sim, Rita Lee seria capaz de ultrapassar qualquer uma delas, através de sua representatividade. Atualmente, por meio da peça Rita Lee: uma autobiografia musical”, é possível compreender um pouco mais sobre a importância da cantora, sua carreira e suas icônicas canções.

Inspirado na autobiografia da cantora, que foi considerada um dos maiores sucessos editoriais do Brasil, o musical conta, por meio de interpretações fiéis, a história de Lee, com a narração de seus altos e baixos e, principalmente, a “descomunal” honestidade com que a artista se apresentava em público, Rita falava o que pensava. 


O espetáculo é dirigido por Márcio Macena e Débora Dubois, que também foram responsáveis pela criação do musical anterior, “Rita Lee mora ao lado”, de 2014.

Diretor e admirador 

Em entrevista a ESQUINAS, o diretor da peça, Márcio Macena, conta como foi o processo seletivo para o espetáculo e os detalhes da criação da obra. Fã de Rita desde a infância, para Macena, trabalhar no espetáculo soou como um sonho realizado. A ideia de montar um novo musical sobre a vida da cantora veio após a leitura do livro autobiográfico de Rita, “pensei que todo mundo deveria conhecer um pouco mais sobre a vida dessa artista brilhante que fez história na indústria da música”, diz. Além disso, a própria Lee, que assistiu a montagem de 2014, pediu ao diretor, em 2021, para que a peça voltasse aos palcos.

Ao ser perguntado qual a sua música favorita de Rita Lee, o diretor revela: “Essa é fácil, com toda certeza é Coisas da Vida.”

Durante as audições do elenco, o diretor revela que não teve muitas dúvidas. A escolhida para o papel principal foi Mel Lisboa, intérprete de Rita no musical anterior, “Mel faz Rita melhor do que ninguém”, explica Macena. 

Essência na interpretação  

Carol Portes, atriz que também participou do espetáculo “Rita Lee mora ao lado”, de 2014, conta um pouco sobre sua ‘misteriosa’ personagem, a Dona Solange, na peça em cartaz. Ela explica que se você entender, pelo menos um pouquinho, da discografia de Rita Lee, provavelmente já ouviu falar deste nome. No cenário real, não há muitas informações sobre quem seria essa tal de Solange, porém, no musical, ela é a personificação política de extrema-direita e da a censura ocorrida no período de Ditadura Militar (1964-198).

A atriz relata que o processo de pesquisa e construção da personagem foi difícil, já que a Dona Solange não existe propriamente: “O meu desafio maior foi não ter referências dela, ou seja, não tinha muito o que procurar.”

Portes conta que Rita sempre esteve muito presente em sua vida, seja pela parte artística ou pela parte política. A cantora levantava diversas bandeiras, sobre o veganismo, direitos dos animais, feminismo e direitos das pessoas LGBTQIAPN+, por exemplo. Sua contribuição musical na época ditatorial também transformou a paulistana no ícone que ela foi e é. 

Sobre a peça, a atriz comenta como as pessoas ficam emocionadas com a forma que a história é desenvolvida, “as pessoas saem de alma lavada. Sempre acontece um choro. Mas é muito bonito ver que estamos levando esse legado da Rita de uma forma tão bonita e artística igual.”

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Atravessando gerações

A presença de Rita Lee está em todos os lugares, em todas as pessoas que ouvem suas músicas e a admiram, desde o início de sua carreira até os dias atuais. Elque da Silva, ex-bancário e fã de Rita, conta sua perspectiva sobre a cantora: “A grande contribuição que ela deu para o Brasil foi a quebra de tabus, Rita Lee permitia falar de sexo, preservativos, relacionamentos que não deram certo. Tudo.”

“Rita Lee: uma autobiografia musical” é uma representação de sua presença na sociedade. Através de sua revolução no rock brasileiro e sua contribuição no movimento da Tropicália, a cantora criou canções posicionando-se pela liberdade, defendendo a democracia e lutando contra a desigualdade. Seu legado é inspiração para muitos e sua música se tornou conhecida por todos os brasileiros.

Rita Lee Jones foi revolucionária, criativa e transgrediu diferentes gerações. Não permanece mais em vida, mas mantém-se presente em memórias, seja por homenagens, musicais, nome de parque, trilhas sonoras e criações. Uma artista inesquecível.

Serviço

Temporada prorrogada até 15 de setembro – Sextas e sábados às 20h e domingos às 17h.


Ingressos: Sextas – Plateia: R$100,00 (inteira) Balcão e Frisas: R$80,00 (inteira); Valor especial: R$40,00 (inteira)* Sábados e Domingos – Plateia: R$120,00 (inteira) Balcão e Frisas: R$100,00 (inteira); Valor Especial: R$40,00 (inteira)* O ingresso valor especial é válido para todos os clientes e segue o plano de democratização da Lei Rouanet, havendo uma cota deste valor promocional por sessão.

Classificação: 12 anos.

Duração: 120 minutos.

Onde: Teatro Porto – Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos, São Paulo.

Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto

Capacidade: 508 lugares.

Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

Editado por Mariana Ribeiro

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