Casais formados na pandemia relatam como criaram laços mesmo com distanciamento social
“Quando começou a pandemia, nem passava pela minha cabeça entrar em um relacionamento”. O pensamento de Izabella Giannola, 18 anos, era o mesmo do de muitos jovens em meio à crise do coronavírus. Mas mesmo com a disseminação da covid-19 e a necessidade de aderir ao isolamento social, muitos casais encontraram meios de achar afeto.
Izabella e seu namorado, Pedro Alvarez, de 19 anos, são um deles. Os casperianos estão juntos desde novembro de 2020 e se conheceram em julho do mesmo ano. “O Pedro era meu veterano, mas nós nunca tínhamos conversado, embora eu já soubesse quem ele era”, conta Izabella. O estudante também a conhecia através de amigos em comum e grupos da faculdade, além de seguirem um ao outro nas redes sociais.
As conversas começaram a partir de interações na web, como indicações de músicas e ajuda em trabalhos do curso. Em pouco tempo, os dois já faziam ligações de vídeo por horas a fio. “Uma preocupação muito grande era que eu morava em São Paulo e ele, em Santos. Eu tinha certeza de que não conseguiria vê-lo até o fim da pandemia”, diz Izabella. Mas eventualmente se encontraram: “Saímos pela primeira vez no fim de setembro, quando a poeira parecia estar baixando“.
“Uma boa parte do nosso relacionamento foi totalmente on-line. Agora, com a fase vermelha, estamos sem nos ver de novo”, comenta a estudante. “Lidamos bem com isso porque já nos vemos pouco naturalmente e estamos acostumados com o virtual”. Pedro concorda que a distância nunca foi um problema: “Nós ficamos mais maduros, entendendo que não poderíamos nos ver sempre e aprendendo a lidar com isso”.
“Hoje, eu vejo muita parceria no nosso relacionamento. Fazemos tudo por ligação. Encontramos um jeito de ficar juntos mesmo com toda essa loucura, achamos amor em meio ao caos”, afirma.
Relacionamento pela internet
Julia Baccan, 19 anos, estudante de Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Michelle Hazan, 18, estudante de Ciências Sociais na mesma universidade, também se conheceram durante a pandemia e namoram desde julho de 2020. “Começamos a nos falar em abril, por causa de uma amiga que apresentou a gente. Só depois de dois meses conversando todos os dias, conseguimos nos ver”, conta Julia. “A partir daí, passamos a nos encontrar sempre ‘quarentenando’ juntas, sem contato com outras pessoas”.
“Éramos muito abertas uma com a outra e, por conversarmos com frequência, nos aproximamos logo de cara. Eu ficava naquela ansiedade de quando poderia vê-la”, explica a estudante sobre o começo da relação. Michelle confessa que tinha medo do encontro ao vivo: “Quando a gente conhece uma pessoa virtualmente, nossa timidez é muito menor, é como se fosse um mundo ‘de mentira’. Eu ficava nervosa com a possibilidade de pessoalmente ser algo completamente diferente”.
“Foi algo incrível o que aconteceu e eu não esperava. Com certeza deixou minha vida mais leve durante esses tempos difíceis de pandemia, em que as pessoas se sentem tão sozinhas. Eu diria que meu relacionamento é de muito companheirismo e apoio. Sou muito feliz por ter tirado algo tão bom de tudo isso”, afirma Michelle.
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Relacionamento inesperado
“Os nossos melhores amigos nos apresentaram, mas quando começamos a conversar, nunca imaginei que acabaríamos namorando”, conta Anna Cyrulin, 19 anos, estudante de Psicologia do Mackenzie, sobre seu relacionamento com Gabriel Dutra. Ela e o calouro de Engenharia na Unicamp se conheceram ainda em março de 2020 e começaram a namorar no final de julho. Anna afirma que as circunstâncias da pandemia a preocupavam bastante: “O começo foi uma incerteza muito grande sobre tudo. Eu tinha a sensação de que não iria conhecê-lo pessoalmente nunca”.
“Ficamos dois meses só conversando virtualmente. Nesse período, foi muito importante para mim ter alguém com quem compartilhar o que eu fazia e falar sobre vários assuntos. Era nítido que tínhamos uma conexão muito grande e uma vontade de fazer aquilo funcionar”, lembra ela. Em junho, passaram a se encontrar em espaços abertos uma vez a cada duas ou três semanas e, com isso, o relacionamento foi evoluindo.
Gabriel conta que, quando começaram a se falar, achavam que a pandemia duraria só um mês. “Chegou um momento em que estávamos conversando há quase três meses e tudo continuava igual, o que nos preocupou bastante”, diz. No entanto, a relação prevaleceu: “Temos um relacionamento muito tranquilo e estável. Fomos muito insistentes para dar certo no começo e hoje vejo como valeu a pena”.