“É uma paixão, é algo explosivo”, diz o radialista Ramon Barros sobre o dia a dia da profissão - Revista Esquinas

“É uma paixão, é algo explosivo”, diz o radialista Ramon Barros sobre o dia a dia da profissão

Por Malu Lopes e Rhuan Teixeira : novembro 7, 2023

"Ser radialista é ser companheira, é ser amiga de alguém que eu não conheço pessoalmente". Foto: Reprodução/Freepik

Radialistas falam sobre sua profissão, dificuldades e anseios para o novo mercado de trabalho neste 7 de novembro

No dia 7 de novembro é comemorado o Dia do Radialista no Brasil. A data refere-se ao nascimento do radialista Ary Barroso e serve para homenagear os profissionais que apresentam os programas radiofônicos com a intenção de informar e entreter os ouvintes das mais variadas FMs do país. 

Uma curiosidade sobre esse dia, é que os radialistas também são homenageados em 21 de setembro, pois nessa data, em 1943, o presidente Getúlio Vargas assinou a lei que criou um piso salarial para a profissão.

O que é ser radialista?

“Ser radialista é ser companheira, é ser amiga de alguém que eu não conheço pessoalmente. É a possibilidade e a oportunidade de levar conhecimento, educação e entretenimento de qualidade para as pessoas. É a influência através da voz”, afirma a radialista Ester Belasque, da Rádio Antena A FM, em Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo. 

O profissional do rádio, ao passo que dialoga com o ouvinte, também é responsável por manter grande parte da estrutura que leva o programa ao ar. “Não pode ser só apresentador não. É essencial o aperfeiçoamento. Organizo as vinhetas, vejo o espelho do programa e separo as imagens com a produtora. Além de fazer a apresentação, eu também comando a mesa de som e a parte do play do vmix, para fazer transmissões das lives, porque o programa também vai ao ar no Facebook e necessita de imagens”, explica Ramon Barros, radialista da FM Clube, em Teresina, no Piauí. 

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Ramon Barros.
Foto: Acervo pessoal

Na tentativa de se encaixar no novo mercado de trabalho, existem os podcasts, que são uma espécie de programa de rádio, podendo, às vezes, ser acompanhados de vídeos, no caso do videocast, que são transmitidos pelas redes sociais ou até mesmo pelo youtube, para que o ouvinte possa acessar aquele conteúdo na hora que desejar.

Ester Belasque produz o “Borboletando”, um videocast. “O meu programa é sobre histórias de vida, a gente é um programa de entrevista. Durante os episódios, falamos sobre a transformação que o entrevistado teve durante a caminhada da sua vida, passamos inspiração, esperança, aprendizado e ensinamento. Além disso, fazemos também uma trajetória da vida profissional da pessoa”, conta. 

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Ester Belasque.
Foto: Juninho Gaspar

As inovações também buscam novos públicos e novas estratégias de marketing. “É necessário muito investimento em tecnologia para alcançar cada vez mais o público, principalmente os jovens. As rádios estão se inserindo também nas redes sociais porque a comunicação sobrevive com a audiência. Se não tiver audiência, não vende”, afirma Ramon. 

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O mercado de trabalho para o radialista

Para o radialista no geral, o mercado é bastante complicado, visto que muitos dos profissionais não ganham um salário condizente com sua necessidade. Assim, acabam trabalhando como influencers e ganhando mais dinheiro com suas publicidades.

“É muito baixo o salário. Hoje em dia, a gente não vive com esse valor. Por isso que a gente fala que o radialista precisa ser multiplataforma, ele tem que fazer muito mais, entregar muito mais do que àquilo pelo qual ele foi contratado, porque aí existe a oportunidade das vendas publicitárias ”, diz Ester. 

O cenário do radialismo é considerado bem masculino, tendo em vista que muitas das rádios contratam mais homens do que mulheres para serem locutores. Em contrapartida, muitos ouvintes acham a voz feminina mais acolhedora, e, assim, esse mercado vem crescendo cada vez mais para as mulheres.

“O rádio é muito masculino. Ficamos duas locutoras na rádio em que eu trabalho, uma rádio local, e não tinha nenhuma outra mulher trabalhando lá. A mulher que se atualiza e entende das redes sociais, encontra um mercado em crescimento”, completa Ester. 

Criar conexão com os ouvintes pode parecer a parte mais difícil, mas quando alcançada, o feedback é a parte mais satisfatória para o reconhecimento do trabalho. “A melhor parte é trocar informações com todas as pessoas, independente de cor, sexo e idade. É gratificante receber o carinho do público”, declara Vanessa Rabello, da rádio Alfa, de São Paulo, e da rádio Blumenau FM.

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Vanessa Rabello.
Foto: Acervo pessoal

Para Ramon Barros, o feedback é fruto de um bom trabalho e de uma companhia entre locutor e ouvinte. “Valorização profissional é muito difícil, mas não tem nada mais gratificante para quem trabalha no rádio do que ouvir do seu ouvinte que ele gosta do seu programa e que você faz bem para ele em momentos tristes ou até mesmo que fez uma cobertura de momentos marcantes na vida da pessoa. O rádio é uma companhia que está sempre do lado e a todo momento”, finaliza.

Editado por Mariana Ribeiro

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