Planejada para acontecer em 2020, a 16ª edição do Campeonato Europeu de Futebol foi adiada para 2021 em decorrência da pandemia
A cada quatro anos, dois anos depois da Copa do Mundo, acontece o maior torneio de futebol entre nações europeias: o Campeonato Europeu de Futebol. A 16ª edição da Eurocopa, que também marca os 60 anos desde seu início, aconteceria em 2020, mas, devido à pandemia da covid-19, foi adiada para 2021.
Na Euro, como é conhecida a disputa, 24 seleções da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) são divididas em seis grupos de quatro. As duas seleções mais bem colocadas de cada grupo se classificam, além das quatro melhores terceiras colocadas. Todos vão à fase de mata-mata, que se inicia nas oitavas de final, rumo à grande final para decidir quem será o campeão.
Usualmente, um país sedia o campeonato para que todos os jogos aconteçam em diferentes cidades do território. A última edição teve como sede a França, que chegou na final, mas saiu derrotada pela seleção de Portugal, vitoriosa pela primeira vez.
A 16ª edição da Eurocopa
O início das partidas aconteceu na sexta-feira, 11 de junho, em Roma, na Itália, com uma partida entre a seleção do país da bota e a Turquia, com a vitória de 3×0 para os italianos. A grande final acontecerá um mês após a abertura, no dia 11 de julho, na Inglaterra. Em 2021, diferentemente das edições anteriores, o torneio será disputado em mais de um país sede.
A ocupação do público nos estádios varia de acordo com a situação da pandemia em cada país e é decidida por seus respectivos governos. O limite imposto por cada país-sede da 16ª edição é:
Itália – 22%
Alemanha – 22%
Inglaterra – 25%
Escócia – 25%
Romênia – 25%
Espanha – 30%
Holanda – entre 25% e 33%
Dinamarca – 45%
Azerbaijão – 50%
Rússia – 50%
Hungria – 100%
Ísis Lacerda, de 18 anos, é brasileira e mora em Londres. Ela conta que os torcedores ingleses estão muito animados – não há turistas na Inglaterra por conta da pandemia. A jovem também relatou que o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, tinha o plano de acabar com as restrições relacionadas a pandemia no dia 19 de julho. Ela não acredita que isso vá acontecer tendo em vista o aumento de casos devido às variantes. “Eu recebo notificações diárias no celular pra saber o que pode realmente acontecer”, diz Ísis, Para ela, essa decisão pode mudar a situação britânica em relação à pandemia.
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Protocolos sanitários para os atletas da Eurocopa
Apesar do bom andamento da vacinação nos países-sede, os cuidados permanecem. O jornalista dos canais Globo, Marcelo Courrege, afirma que os protocolos da Eurocopa não diferem muito dos campeonatos nacionais e continentais europeus organizados pela UEFA. Ele explica que os testes PCR são feitos duas vezes por semana e, quando um jogador testa positivo, ele é isolado e quem interagiu com o atleta infectado também é testado. Segundo ele, na Inglaterra, “o sistema funciona muito bem. Houve apenas dois surtos de covid entre os times ingleses e, até agora, tivemos alguns casos na Euro, mas nenhum surto”.
Courrege também considera importante ser um protocolo que não depende exclusivamente da vacinação já que os atletas, majoritariamente jovens, não entram em filas de prioridade. “Aqui, pessoas de 21 anos a 23 anos já estão sendo vacinadas, mas os jogadores não estão sendo obrigados a serem vacinados pelas seleções”, completa.
Segurança da torcida
Para a presença do público nos jogos, é exigida a carteira de vacinação constando as duas doses da vacina ou um teste PCR negativo feito nas últimas 72 horas. Marcelo levanta que, nos estádios, segundo as regras da UEFA, os torcedores deveriam usar máscaras, mas a Europa está mostrando resistência em relação à medida. “Os delegados dos jogos não estão conseguindo forçar esse uso, o que já é um problema nessa primeira fase do campeonato”, afirma.
Mesmo com o resultado positivo dos protocolos aplicados em outras competições e impostos pela UEFA, ainda há o risco de haver uma contaminação do público na Eurocopa de acordo com Igor Thiago Queiroz, infectologista membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) há 10 anos.
Atual presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia, Igor explica que, “enquanto alguns países têm mais de 50% da população vacinada ou de pessoas contaminadas, que possuem imunidade coletiva, há outros que não têm essa proteção”. Diante disso, ele afirma existir o perigo de pessoas infectadas transitarem de um país para o outro levando um tipo do vírus do qual a população do país de destino não estaria protegida naquele momento.
O infectologista não acredita que agora seja o momento ideal para a volta dos torcedores aos estádios. “Uma volta com capacidade reduzida, com distanciamento entre as pessoas, num país onde os casos estão controlados e as pessoas estão vacinadas temos uma certa segurança, mas o que estamos vendo nos estádios são pessoas amontoadas e sem máscaras”, opina.