Diversidade no futebol: Brasileirão tem o maior número de estados representados desde 1993 - Revista Esquinas

Diversidade no futebol: Brasileirão tem o maior número de estados representados desde 1993

Por Gabriel Teles e Gustavo Vasco Silva : julho 6, 2021

A maior competição do país conta com clubes de 11 estados, maior marca desde 1993, quando 32 equipes disputaram o torneio por 12 unidades da federação

A maior competição do país conta com clubes de 11 estados, maior marca desde 1993, quando 32 equipes disputaram o torneio por 12 unidades da federação

Em 2021, a Série A do Brasileirão cinco clubes de São Paulo: Bragantino, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo; dois do Rio de Janeiro: Flamengo e Fluminense; três do Rio Grande do Sul: Grêmio, Internacional e Juventude e dois de Minas Gerais: América-MG e Atlético-MG. Além de dois do Ceará: Ceará e Fortaleza; um de Bahia: o Bahia e um de Goiás: Atlético-GO. Santa Catarina está representada pela Chapecoense, Pernambuco pelo Sport, e Paraná pelo Athletico-PR, além do Mato Grosso pelo Cuiabá.

Além do número crescente na representatividade de unidades da federação, a quantidade de cidades presentes na principal liga nacional passou para 14, recorde que não acontece desde 1993 quando 16 municípios participaram da disputa. Com o intuito de explicar o real impacto e significado dessa diversidade estadual no Campeonato brasileiro, conversamos com o experiente jornalista e youtuber Chico Garcia, 39, para esclarecer a importância desse marco.

Para Chico, a marca de tantos estados representados no Brasileirão é uma tendência a ser recorrente: ‘‘A gente está cada vez mais acompanhando investimentos de empresas e patrocinadores em clubes fora do eixo. Isso já vinha se verificando no Nordeste, que tem equipes muito tradicionais, mas que dependiam de um investimento maior e de uma organização também.’’

Equipes tradicionais como Botafogo, Cruzeiro e Vasco caíram para a Série B e não têm perspectiva de retorno. Chico afirma que somente o peso da camisa não será suficiente: ‘‘O Brasil é muito grande. O país não pode ficar dependendo apenas das equipes tradicionais, ainda mais quando elas acabam perdendo espaço por conta de uma má gestão. Infelizmente, não basta você ser uma marca, ser um grande clube, você precisa se organizar. Hoje, o futebol precisa disso, precisa de gestões profissionais e não amadoras.”

VEJA MAIS EM ESQUINAS

“A Copa América no Brasil é uma vitória mais pessoal do que política do presidente”: jornalistas esportivos comentam a crise da CBF

“O que vai ficar depois é um legado macabro”, diz infectologista sobre Brasil sediar a Copa América

Pode isso? Vanderlei Luxemburgo opina sobre nova regra de técnicos no futebol brasileiro

Pelo fato de “o Brasil inteiro ser apaixonado por futebol”, o jornalista só vê vantagens nessa descentralização no Brasileirão: “Então, eu acho que o futebol só tem a ganhar, não tem futebol só no Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas e Nordeste, tem no Brasil inteiro.”

De acordo com balanços apresentados pelos clubes brasileiros, o Corinthians e o Cruzeiro são times tradicionais do sudeste brasileiro que apresentam grandes dívidas. Tanto o clube mineiro quanto o paulista apresentaram déficits de quase um bilhão no ano de 2021. No quesito finanças, algumas equipes do Nordeste apresentam vantagem com modelos invejáveis de gestão. Um exemplo disso é o Fortaleza. A equipe, entre os anos de de 2015 e 2019, apresentou um superávit de mais de R$100 milhões e esse lucro acompanhou a ascensão até a divisão mais alta do futebol nacional.

Segundo o comentarista, este constante crescimento dos clubes fora do eixo impacta diretamente dentro das quatro linhas: ‘‘Foi por causa dessa estabilidade, que o Ceará conseguiu manter o meio-campista Vina mesmo com o assédio de outros clubes, como o Corinthians.”

Além disso, Chico ressaltou que, a partir de agora, os próprios jogadores querem ir para lá: “São clubes que, hoje, o jogador não pensa duas vezes. Ele já olha para lá e pensa, lá tem salário em dia, tem estrutura, tem gestão, vai conseguir fazer um bom campeonato, ter boa visibilidade. Então, eu acho que a gente só tem a ganhar com isso, virou mais uma opção. Porque senão, o jogador fica só restrito a jogar naqueles sete, oito grandes clubes do Brasil quando na verdade tem outras tantas opções…”

Com 61 pontos conquistados, o Cuiabá terminou na 4ª posição da série B do Brasileirão 2020 e conquistou o tão sonhado acesso à elite do futebol nacional.  E, após 35 anos, o Mato Grosso estará representado na primeira divisão do maior campeonato do país. O último time do estado a disputar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro foi o Operário de Várzea Grande em 1986, quando os campeões estaduais tinham a vaga.

‘‘O Cuiabá adotou um modelo interessante. Pegou vários jogadores que estavam descartados em grandes clubes e montou uma equipe bem experiente, bem rodada e bem competitiva. A expectativa é que o clube, que chegou na Série A do Brasileirão com muita estrutura e organização, se mantenha. Será bom pro Mato Grosso, para o Centro-Oeste, para os times irem jogar na Arena Pantanal, eu sou muito a favor que essa democratização aconteça no futebol brasileiro’’, completa Chico.

Porém, o comentarista ressalta. ‘‘É óbvio que vai ser uma temporada competitiva, O Cuiabá vai ter que lutar para permanecer, esse é o principal e o grande objetivo, mas eu acho que dá para sonhar, sim. Você tem os clubes que subiram, você tem equipes grandes com muitos problemas e que podem perder pontos para essas equipes mais periféricas, especialmente dentro de casa. Então, vai dar para fazer uma campanha regular sim, até pelo nível de atletas que eles contrataram.’’

Encontrou um erro? Avise-nos.