Melhores em tudo? A influência da Copa do Mundo na escolha do "The Best" - Revista Esquinas

Melhores em tudo? A influência da Copa do Mundo na escolha do “The Best”

Por Marcelo Nascimento e Sarah Campos : março 8, 2023

A seleção campeã do mundo se impôs nas premiações da temporada e especialistas analisam o impacto da Copa do Mundo nos resultados da Argentina

No dia 26 de fevereiro, na sede da FIFA em Paris, ocorreu o prêmio “The Best”, criado pela entidade e entregue aos melhores jogadores do mundo. Mas, são realmente os melhores que recebem o prêmio? Em um ano de Copa do Mundo, o que será que influencia mais nas premiações individuais?

A premiação levou em conta o período entre Agosto de 2021 e Dezembro de 2022 e teve um campeonato a mais para avaliar, a Copa do Mundo. O torneio que ocorreu no Catar foi vencido pela Seleção Argentina, que além de ter feito bonito na competição, ganhou diversos prêmios durante a cerimônia.

Dominância argentina

Os prêmios para os representantes da albiceleste começaram com Emiliano Martínez, jogador do Aston Villa e goleiro da seleção campeã. Com grandes defesas e muitas provocações com os adversários na competição, Martínez foi eleito o melhor goleiro do mundo.

Contudo, para que o futebol argentino tenha sido organizado no Catar, precisava de um técnico e Lionel Scaloni, que ganhou o prêmio de melhor técnico. Scaloni chegou ao comando da seleção em 2018 após a saída de Jorge Sampaoli, de quem era assistente e, com a famosa “Scaloneta”, chegou ao título mundial.

O show argentino não se restringiu apenas às quatro linhas do campo, mas também esteve presente nas arquibancadas. A torcida da albiceleste ganhou a premiação de “Melhor Fã” (Fan Award) pela festa nos estádios e nas ruas durante a Copa do Mundo no Catar. Quem recebeu o prêmio foi Carlos “Tula” Pascoal, de 82 anos. O senhor estava vestido com a camisa da sua seleção e ainda tocou o bumbo quando subiu ao palco. Ele é um dos torcedores mais emblemáticos da Argentina, viajando para todos os mundiais desde 1974 para acompanhar e apoiar os jogadores.

Para coroar tudo isso, Lionel Messi foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo, o que ajudou muito o craque argentino a conquistar o The Best. Pelo torneio do Catar, o capitão e camisa 10 argentino somou 5 gols e 3 assistências em 6 jogos, média de 1,33 participações por jogo.

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No fim das contas, depende da Copa do Mundo?

Conversando com Celso Cardoso, jornalista da Gazeta Esportiva, ele fala sobre a importância do Mundial para essa premiação: “Não dá pra imaginar outro jogador sendo eleito o Melhor do Mundo sendo que o Messi foi fantástico na Copa do Mundo”. Até por conta disso, Celso também acredita que a Copa do Mundo irá influenciar o prêmio Ballon d’Or, que ocorre no meio do ano.

Ainda para ele, a “supervalorização” do torneio mundial não diminui a credibilidade do prêmio entregue pela FIFA. Essa opinião é similar a de Paulo Vinícius Coelho (PVC), que diz que é impossível não olhar para a Copa do Mundo como o ponto mais alto da temporada: “Os jogadores, treinadores e capitães podiam olhar para qualquer coisa para atribuir seus votos, mas olharam para a Copa do Mundo, por toda a repercussão internacional que ela tem”.

Porém, contrariando essas duas opiniões, a jornalista Bianca Goes diz que esse foco na Copa do Mundo descredibiliza o prêmio, por não levar em conta um longo período: “Nessa eleição, levaram em conta uma temporada e meia, não apenas uma temporada, como de costume. Deram tanta consideração para um torneio que durou um mês e deram pouca importância para esse um ano e meio. Olhando para o período pré-Copa, acho que não colocaria o Messi no topo do pódio.”

Ainda sobre a valorização da Copa do Mundo na premiação, ela aponta que imagina que o peso da Copa do Mundo Feminina será o mesmo nesse ano, e provavelmente irá decidir a premiação da melhor jogadora na próxima temporada.

Saindo da eleição principal, Celso concorda com os outros vencedores e ressalta o impacto da Copa, dizendo que o feito de Scaloni precisava ser reconhecido. A escolha do Martínez pareceu justa para ele, pelo torneio que ele fez. Já PVC concorda com a votação, mas possui opinião distinta: “Eu não votaria no Scaloni. Para mim, o melhor técnico do mundo é o Guardiola. Eu votaria no Ancelotti pela temporada que fez, mas consigo entender a escolha do Scaloni”.

Já para Bianca Goes, a escolha por Scaloni foi certa: “Acho que ele conseguiu adaptar a sua seleção em diversos jogos da Copa do Mundo, e ganhar jogos que pareciam perdidos”. Analisando apenas pela atuação nos clubes, ela crê que Benzema seria eleito como Melhor do Mundo, Courtois como melhor goleiro e Ancelotti como melhor técnico, pelo título da LaLiga e da Champions League.”

Fugindo das quatro linhas, ele completou dizendo que a torcida argentina transformou o Catar em uma ‘La Bombonera’, estádio tradicional do solo albiceleste: “Levou a torcida de um clube para a seleção, jogou com a equipe como nunca se viu. Por tudo isso, eu achei a torcida da Argentina a melhor da Copa, o prêmio foi merecido”. PVC traz sua experiência própria e contou a diferença entre a torcida argentina e as árabes: “A torcida do Marrocos foi um “fenômeno árabe”, os árabes torceram pelos árabes. Mas a da Argentina você percebia no metrô que era diferente. Foi espetacular”.

Prêmio Puskas

Uma das premiações que mais repercutiu foi o gol mais bonito, conhecido como prêmio Puskas. O nome do troféu se refere a Ferenc Puskas, o maior jogador da história da Hungria. Na disputa estava o brasileiro Richarlison com o gol de voleio marcado contra a Sérvia na primeira rodada da Copa do Mundo, que foi eleito o gol mais bonito da competição.

Dimitri Payet, atleta do Olympique de Marselha, concorria com o gol marcado contra o Paok, da Grécia, na Conference League. Marcin Oleksy é um atleta paralímpico (para-atleta) que pratica futebol de muletas e ficou com o prêmio depois de um gol de voleio pelo Warta Poznan contra o Stal Rzeszow, na Polônia.

Vencedores do “The Best”

A premiação deste ano contou com diversos vencedores, os quais você pode conferir abaixo:

Melhor goleira: Mary Earps (Inglaterra/Manchester United).
Melhor goleiro: Emiliano ‘Dibu’ Martínez (Argentina/Aston Villa).

Melhor treinadora do futebol feminino: Sarina Wiegman (Holanda/Seleção Inglesa).
Melhor treinador do futebol masculino: Lionel Scaloni (Argentina/Seleção Argentina).

Prêmio Puskás (Gol mais bonito): Marcin Oleksy (Polônia/Warta Poznan).
Prêmio Fair Play: Luka Lochoshvili (Geórgia/Cremonese; salvou a vida de um jogador em campo).
Seleção do mundo feminina: Christiane Endler (GOL); Lucy Bronze (LD), Leah Williamson (ZAG), Wendy Renard (ZAG), Maria Leon (LE); Alexia Putellas (MEI), Keira Walsh (MEI), Lena Oberdorf (MEI); Alex Morgan (ATA), Sam Kerr (ATA), Beth Mead (ATA).

Seleção do mundo masculina: Thibaut Courtois (GOL); Achraf Hakimi (LD), João Cancelo (LE), Virgil Van Dijk (ZAG) ; Kevin de Bruyne (MEI), Luka Modric (MEI), Casemiro (MEI); Lionel Messi (ATA), Kylian Mbappé (ATA), Karim Benzema (ATA), Erling Haaland (ATA).
Melhor jogadora do mundo: Alexia Putellas (Espanha/Barcelona).
Melhor jogador do mundo: Lionel Messi (Argentina/PSG).

Editado por Nathalia Jesus

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