Fundador da marca no país, José Trajano funde sua biografia à da própria emissora; carreira e vida pessoal são destaques de TCC da Cásper Líbero
No último dia 17 de janeiro, a marca ESPN Brasil chegou ao fim após 27 anos. Agora, o canal passa a se chamar apenas ESPN, ao passo que o Fox Sports, também pertencente ao Grupo Disney, vira ESPN 4. O criador da ESPN no Brasil, José Trajano, foi às redes sociais expor a sua tristeza diante do fato: “Quando o relógio passar da meia noite (de domingo para segunda), esta marca (ESPN Brasil) não existirá mais. 27 anos de muita história, luta, perseverança, lágrimas, vitórias, derrotas, camaradagem, sangue nos olhos, momentos inesquecíveis para quem começou ou se revelou ali. A história se faz. E eu, em lágrimas, me calo!”, postou o jornalista na noite do dia 16.
Essa não é a primeira vez que Trajano expõe a sua insatisfação diante dos rumos que a ESPN vem tomando no Brasil. Na verdade, é possível dizer que foi justamente essa discordância de Trajano diante da mudança de DNA da ESPN que fez com que a relação do jornalista com a emissora fosse se desgastando até ter o seu ponto final em setembro de 2016. E para entender melhor como se deu o surgimento da ESPN pelas mãos de José Trajano, como o jornalista participou do desenvolvimento da emissora e, posteriormente, seguiu o seu rumo profissional sem ela, o livro “De Zé a Ultrajano”: Um Perfil das Vidas do Criador da ESPN no Brasil”, de Guilherme Serrano e Thiago Picolo, é um prato cheio.
O trabalho, apresentado à Faculdade Cásper Líbero como parte dos requisitos para obtenção do título de Jornalista, se debruça especialmente nos 21 anos vividos por José Trajano dentro da ESPN Brasil, sem deixar de passar pela rica trajetória do jornalista antes da fundação da emissora, nem pela fase atual de sua carreira: o canal Ultrajano no YouTube.
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“José Trajano é gênio. É o único gênio com quem eu convivi no jornalismo. Trabalhei com muita gente foda, mas ele é o único gênio”, diz Dudu Monsanto; “É um líder nato. Um dos poucos”, garante Arnaldo Ribeiro; “É destemido, banca o que fala”, afirma Adriana Mamprin; “Ele é foda, um jornalista com J maiúsculo”, exalta Júlio Gomes; “É um inconformado com as coisas”, declara Cláudio Arreguy; “É um cara muito humano”, analisa Gian Oddi; “O cara é genial, é todo movido a paixão. Ele é foda! Vai nele que você passa de ano”, declara André Plihal; “Como pessoa é fenomenal, maravilhoso”, exalta Helvídio Mattos. Esse é, majoritariamente, o tom adotado pelos cerca de 20 ex-colegas de trabalho de Trajano ouvidos pela reportagem.
O lado “paternal” de José Trajano é uma das qualidades mais lembradas pelos seus companheiros e, além disso, apontada como principal trunfo para o sucesso da sua trajetória na ESPN. Mas, nem tudo eram flores tendo Trajano como chefe. Afinal, por outro lado, o seu temperamento explosivo também é conhecido pelo público. “Se você atravessar o sinal, ele é difícil”, conta Antonio Jordão; “Ele não é uma pessoa fácil de lidar, mas sabe disso”, pondera Caio Salles. “Ele é um cara indomável. Você não diz para ele como se comportar”, completa Adriana Mamprin.
Os sete capítulos do livro tentam captar esses paradoxos que tornam a figura de José Trajano tão singular, ao passo que mergulha também em episódios saborosos e, muitas vezes, espinhosos da carreira. Afinal, como nunca se limitou a falar apenas de futebol e calcou a imagem da ESPN como uma emissora que vai além das quatro linhas, Trajano sempre defendeu fortemente seu posicionamento político e, acima de tudo, suas convicções jornalísticas.
Tendo como base essas e outras características do perfilado, o trabalho busca passar pelos meandros dessa história de forma plural e pouco maniqueísta. Assim, foi com sensação de dever cumprido que os autores receberam o singelo e valioso feedback do próprio José Trajano: “parabéns pelo trabalho. Não aliviaram”.
Para conferir o livro completo, assinado por Guilherme Serrano e Thiago Picolo, basta acessar o arquivo abaixo:
De Zé a Ultrajano: Um Perfil das Vidas do Criador da ESPN no Brasil