"Luto, preocupação, medo e aceitação": o papel da família no desenvolvimento de crianças com deficiência - Revista Esquinas

“Luto, preocupação, medo e aceitação”: o papel da família no desenvolvimento de crianças com deficiência

Por Lorena Ortega : dezembro 6, 2022

Fotos: Acervo Pessoal

Fisioterapeuta destaca a importância da atuação dos familiares para a construção da autoestima e confiança de crianças com deficiência; mas enfatiza não ser uma tarefa simples

O cenário de preconceito e exclusão vivido por pessoas com deficiência vai além de crianças e impacta também toda a rede de apoio, principalmente os familiares. “A dificuldade que os pacientes e suas famílias enfrentam começa a partir do diagnóstico, que envolve luto, preocupação, medo e processo de aceitação”, afirma Bruna Melo, fisioterapeuta especializada em neurologia infantil.

Ela destaca que, ao longo do tempo, a rotina fica muito exaustiva, com as crianças em terapia praticamente todos os dias, a mãe precisa se dedicar 100% ao filho: “O que vejo com muita frequência nos meus atendimentos é esse cansaço dos familiares”.

O desafio enfrentado por pessoas com deficiências é lembrado em 3 de dezembro. O Dia Internacional de Pessoas com Deficiência promove uma reflexão sobre os  direitos humanos, conscientização da sociedade para a igualdade de oportunidades a todos os cidadãos, inclusão e enfatiza os significativos benefícios que a acessibilidade pode trazer.

“Já ouvi as mães falando para mim que têm medo de colocar o filho na escola, medo da forma que ele vai ser recebido e tratado. Assim como já ouvi mãe que falou que a escola recusou o filho porque não tinham estrutura para receber a criança”, diz Bruna.

Veja mais em ESQUINAS

“Pedala, Robinho!”: Pessoas com nanismo são vítimas de capacitismo no entretenimento

Sem sessões presenciais de fisioterapia, jovens com deficiência enfrentam desafios na pandemia

“Parecia guerra”: fisioterapeutas relembram o cotidiano das UTIs no combate à covid-19

Vivian Tietze Daruiz, formada em administração e empregada no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), enfatiza a importância do apoio de sua mãe desde o acidente que sofreu aos 6 anos, que a ajudou a construir a postura de superação que carrega consigo até hoje.

Ela estava brincando no parquinho quando um galho de eucalipto a atingiu. Vivian teve um rompimento no nervo do braço esquerdo, perdendo os movimentos e sensibilidade do membro.

“A minha mãe me ajudou muito porque sempre confiou em mim, lidava comigo como se eu não tivesse nenhum problema. Eu mergulhava, andava de bicicleta, andava a cavalo. Então, ela nunca me privou de nada pela questão do problema no braço. Isso me ajudou a aceitar os desafios de uma forma muito positiva”, conta.

Bruna, a fisioterapeuta, também destaca a importância dos familiares estarem ativamente presentes durante todo o processo de tratamento das crianças. De acordo com ela, o estímulo, carinho e incentivo durante essa fase são cruciais para o paciente se sentir capaz e ter confiança em si mesmo para o desenvolvimento das tarefas cotidianas. “É preciso que os familiares valorizem cada pequeno detalhe, cada pequena evolução e entendam que cada criança tem o seu diagnóstico.”

E reforça que os pacientes nunca vão evoluir da mesma forma. “Não cabe fazer comparações durante o processo.”

Editado por Anna Casiraghi e Lorena Vieira

Encontrou algum erro? Avise-nos.