Na retomada presencial do circuito de museus em SP, público dos jovens vem ganhando cada vez mais destaque. Confira as razões e perspectivas para os espaços culturais
As restrições à circulação de pessoas, medida aconselhada pelos especialistas no auge da pandemia de covid-19, não ocorreu de maneira uniforme em todos os setores. A educação esteve na dianteira do processo, com colégios suspendendo as aulas presenciais logo no início da crise.
Em seguida, institutos de cultura e afins. Em praticamente uma tacada só, jovens adeptos do circuito de cultura da cidade de São Paulo viram-se de mãos atadas, sem as duas principais atividades do cotidiano. Com o retorno presencial dessas atividades, o interesse dessa parcela de jovens só tende a aumentar.
Recomendações e influência
A presença dos jovens no circuito de cultura cresce na medida do engajamento em redes sociais, principal fonte de informação para o público entre 16 e 24 anos, conforme levantamento do Paraná Pesquisas. Professores, familiares e imprensa exercem forte influência sob o interesse de jovens, e no caso de recomendar programas culturais não é diferente.
Ver uma atração interessante no TikTok, por exemplo, torna-se um forte atrativo para comparecer ao local exposto. No caso da cidade de São Paulo, nota-se uma preferência curiosa no interesse do público juvenil. As mídias sociais podem até chamar a atenção do jovem para os espaços culturais, mas o fornecimento dessas instituições é responsabilidade do poder público.
Veja mais em ESQUINAS
Do X ao Z: as gerações que escutam Racionais MC’s
O Mestre das Xilogravuras: exposição de J. Borges chega ao Fiesp
“É uma forma de resistência”: Museu da Língua Portuguesa inaugura salas com conteúdo audiovisual
“Sou totalmente favorável à criação de políticas públicas voltadas para essa questão de visitas aos museus. Talvez, com uma parceria público-privado, bombardear mais nichos específicos ou mais propagandas específicas sobre museus, ou visitas, ou mais feiras culturais, ou que as escolas tivessem mais projetos culturais voltadas pra questão da museologia”, ressalta Reginaldo Borges, historiador e professor da ETEC Doutor Celso Giglio.
Borges também ressalta o papel das esferas de influência sob os jovens como ponto crucial para a retomada do circuito de cultura. “Para que você desperte o interesse de alguém, tem que ofertar a procura. Se eu gerar um convite vai gerar uma dúvida, por exemplo.
Museus: tradição ou interatividade?
Apesar da grande variedade de museus na principal cidade do país, boa parte tem maior afinidade por museus interativos, embora sempre haja aquele frequentador que se contenta mesmo ao apreciar quadros, documentos, vídeos, músicas e formas analógicas de exposição. De acordo com Vitória Araújo, estudante de 20 anos, o museu é “para contar histórias” e ela se interessa em temas artísticos, marca predominante nas casas Mário de Andrade ou Ema Klabin, por exemplo.
Segundo Reginaldo Borges, os jovens se interessam sobretudo pelo aspecto visual dos museus. “O que mais eu vejo são eles primarem pela questão da estética, no sentido da construção filosófica mesmo, da arrumação, de como é, de como não é. Então, dentro dessa proposta, eu acho que a questão estética é a questão que mais impacta, pelo menos é o que eu tenho observado”, pondera o professor.