Sugestões de especialistas extraídas da série de lives “Saúde mental em tempos difíceis: conversas com universitários”
Durante o mês de junho, ESQUINAS realizou a série de lives “Saúde mental em tempos difíceis: conversas com universitários” pelo Instagram. As transmissões ao vivo foram mediadas pelo editor-chefe do veículo laboratorial, Rodrigo Ratier, sempre acompanhado de um profissional da saúde psicológica em cada um dos dias (03, 10, 12, 17 e 24). Nas conversas, os especialistas trouxeram dicas e reflexões pertinentes para o momento pandêmico.
1: Todo sofrimento é legítimo
No primeiro dia, a conversa foi com a psicóloga, psicoterapeuta, professora e escritora Karen Vogel sobre aceitação, autocuidado e autocompaixão. Segundo ela, é essencial considerar que todos os diferentes tipos de sofrimento são legítimos, por mais que sejam diferentes numa época tão atípica.
Karen diz que “aceitação é constatar a sensação de culpa e entrar em contato com ela, ao invés de fazer coisas que tirem o foco dela”. Essa atenção é a autocompaixão, que traz o autocuidado pela preocupação com o próprio bem-estar. A psicóloga contou que seus pacientes relataram mudanças em seus pensamentos e, para ela, “se a gente não sair mudado desse momento, não teve sentido”.
2: O medo é a emoção mais presente neste momento
A segunda live falou sobre as emoções e foi realizada com a presença de Daniel Martins de Barros, psiquiatra do Hospital das Clínicas e professor colaborador da Faculdade de Medicina da USP. Durante a conversa, o medo foi um dos sentimentos abordados, e Daniel disse que é normal ele aparecer durante a pandemia. “[O medo] é justamente a emoção mais presente neste momento. Medo do desconhecido, da incerteza econômica, de ser contagiado”, explica.
Além disso, o psiquiatra também pontuou que essa emoção não é algo essencialmente negativo. “Vamos seguir com medo e isso é importante, porque quem não se sente vulnerável não se protege.” Mas também ressalta que o sentimento não deve sair do controle: “… te colocam em risco se elas te impedem de fazer algo.”
3: Respeitar limitações e viver o presente
Na terceira transmissão da série, Solange Viana, instrutora e trainer de mindfulness, abordou as armadilhas da produtividade durante a pandemia. A convidada trouxe questionamentos a respeito de entender o próprio corpo, reconhecer suas limitações e respeitá-lo. Segundo ela, a culpa pelos momentos de ócio é natural, mas devemos entender que as pausas melhoram nosso desempenho.
A especialista também enfatizou a importância de nos concentrarmos no tempo presente — especialmente em um período de incertezas como o que estamos vivendo. A prática do mindfulness, treinamento da consciência plena, é indicada já que valoriza o “estar no presente enquanto projeta o futuro”. “O único momento que existe é o agora. E nos mantermos ‘no aqui e no agora’ é um treino”, diz.
4: O desequilíbrio é normal
“Quando interpretamos um problema de maneira grande demais, quando aumentamos o problema, é difícil de agir para melhorá-lo”. Foi com essas palavras que a quarta convidada da série, Adriana Drullla, mestre em psicologia positiva, descreveu a importância do tema central da live: O que é resiliência e como desenvolvê-la para enfrentar a pandemia.
Adriana explica que, ao contrário do que muito pensam, resiliência não é passar por uma situação difícil ileso, mas sim a necessidade de sentir que temos controle sobre algo. “Quando eu vejo que a minha vivência é a pandemia e eu percebo que não tenho controle sobre ela, eu posso ver quais são as variáveis da minha rotina que eu efetivamente consigo controlar”, indica a psicóloga. Ela usou uma metáfora que aproxima enfrentar momentos difíceis e andar de bicicleta: “O caminho é reto, mas faz parte ir um pouco para a direita e para a esquerda. “E o desequilíbrio é normal”.
5: A angústia como motor
Na última live, o editor-chefe de ESQUINAS recebeu o psicanalista Lúcio Andrioli para um diálogo sobre o sentido da experiência durante a pandemia. Finalizando a série com discurso otimista, o especialista disse que “por mais que as coisas estejam ruins no momento, isso não nos impede de aproveitar o que temos enquanto dura”.
Em um período duro como o atual, Lúcio afirma que não há falta de sentido, mas uma mudança dele. O “grande lance”, segundo ele, é saber usar a angústia trazida pelo momento como um motor para ir em direção ao seu desejo — e não como algo que adoece.
Para assistir na íntegra às lives do ciclo “Saúde mental em tempos difíceis: conversas com universitários”, bastar acessar o nosso canal do YouTube. Lá você encontra essas e outras entrevistas.