Iniciativas para uma metrópole mais acolhedora
Diante da percepção de que as ruas, calçadas, escadarias e praças podem ser um ambiente de lazer, convívio social e atividades ao ar livre, surgiram os projetos Cidade Ativa, Orquídeas na Vila e Corrida Amiga. São realizadores de diferentes ações com distintas abordagens, mas o que os une é o objetivo comum de fazer de São Paulo um ambiente mais agradável, que inspire as pessoas a saírem de suas casas para aproveitar melhor o espaço público e interagirem com ele.
Cidade Ativa
Em 2014, Gabriela Callejas, após retornar de Nova Iorque, onde estudou arquitetura, sentiu a necessidade de importar para São Paulo o conceito de Desenho Ativo, que tem como objetivo incentivar as pessoas a terem hábitos mais saudáveis a partir de ações urbanísticas. Então, criou a Cidade Ativa, uma organização sem fins lucrativos que realiza pesquisas e projetos de intervenção na capital paulista. Uma de suas iniciativas, o projeto “Olhe o Degrau”, procura reintegrar as escadarias degradadas e esquecidas às paisagens da cidade, possibilitando, além de um deslocamento mais seguro, o uso desses espaços para o lazer e prática esportiva. Por meio de oficinas de grafite e pintura, esses escadões são requalificados.
A iniciativa, que teve sua estreia na escadaria localizada na Rua Alves Guimarães, no bairro de Pinheiros, hoje, já atuou também nas regiões do Jardim Ângela e Pompéia. “É um ciclo. Temos em foco mudar a cidade para que as pessoas mudem os hábitos, mas também que as pessoas mudem os hábitos para a cidade mudar”, explica a coordenadora da Cidade Ativa, Rafaella Basile.
Orquídeas na Vila
“Eu moro na Vila Madalena desde que nasci. Quando era moleque, conhecia o bairro inteiro porque brincava na rua, e, depois de um tempo, quando começou a sair prédio para todo lado, não conhecia mais ninguém”. Foi a partir desse incômodo que, em 2011, o professor Diego Lahóz, com a intenção de restabelecer uma relação mais íntima entre os moradores de seu bairro e as ruas onde habitam, passou a distribuir orquídeas de seu próprio jardim pelas árvores e postes de sua vizinhança.
Seu projeto, que recebeu o nome de Orquídeas na Vila, cresceu e hoje, graças à ajuda dos moradores que contribuem com regagem, doações de flores e montagem de arranjos, o bairro está mais florido. Além disso, os vasos são feitos com materiais retirados do lixo, como garrafas pet, coadores de café e, até mesmo, sapatos usados. Para Diego, um dos aspectos positivos do projeto, além de deixar as ruas mais bonitas, é criar na população uma noção de coletividade, em que as pessoas trabalham juntas para cuidar de um espaço comum.
Corrida Amiga
A Corrida Amiga foi fundada por Silvia Stuchi, em 2014, e é formada por uma rede de voluntários que tem como o objetivo fazer com que as pessoas troquem os automóveis pelo transporte a pé. Aos interessados em realizar essa troca, basta entrar no site do projeto e falar com um dos voluntários, que se propõe a ajudar com dicas, planejamento de trajetos e até mesmo servindo de companhia nas primeiras caminhadas. Os corredores amigos – apelido que usam para se referir àqueles que se voluntariam no projeto – estão espalhados por todo o Brasil, mas caso não haja um atuando na região onde o pedido foi feito, a ajuda é dada de forma inteiramente online.
Uma das soluções adotadas pelo projeto para que os cidadãos optem pelas caminhadas é tornar as calçadas e ruas locais mais acessíveis e convidativas. Ainda no ano de 2014, a equipe da Corrida Amiga criou uma Campanha chamada “Calçada Cilada”. Inicialmente por meio de fotos compartilhadas em redes sociais e, hoje, pelo intermédio de um aplicativo de celular, é possível denunciar dificuldades e obstáculos encontrados pela cidade, como buracos e falta de sinalização, mapeando, assim, problemas encontrados em trajetos. Apenas em 2016, a campanha conseguiu mais de duas mil denúncias em cidades de diversos estados, com destaque para São Paulo, Distrito Federal, Paraná e Rio de Janeiro.