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Por Henrique Artuni, Larissa Basilio, Leticia Giollo e Victor Kiyoshi Edição #64

O riso, o choro e a vida

Palco para as maiores companhias teatrais do mundo, São Paulo abriga grupos das mais diversas vertentes

Theatro Municipal de São Paulo entrou para a história brasileira ao sediar a Semana de Arte Moderna de 1922, que revolucionou todo o sistema cultural do País. Ao longo de quase um século, a capital paulista viu florescer por suas ruas salas de espetáculo das mais diferentes vertentes teatrais. Do palco italiano à arena, passando pela ruas da metrópole, a Paulicéia Desvairada, antevista por Mário de Andrade, atualmente recebe montagens não apenas de companhias nascidas aqui, mas também das mais diversas partes do Brasil e do mundo.

Somente uma cidade com a diversidade de São Paulo pode abrigar ao mesmo tempo encenações de rua como a Medusa Concreta, a efervescência eterna de Zé Celso Martinez Corrêa em seu Oficina ou a montagem de óperas absolutamente clássicas, como as que o ocorrem todos os anos no já mencionado Municipal.

Do Teatro Brasileiro de Comédia à arquitetura ousada e libertária de Lina Bo Bardi para o Oficina, em comum, a cena teatral da cidade tem o respeito absoluto por todas as manifestações dramáticas. Se São Paulo pode ser vista como um palco, seus teatros são as coxias de uma cidade que, ao longo de sua história, aprendeu a receber “atores” da comédia e da tragédia humanas.

Eleito pelo jornal The Guardian como o teatro com melhor projeto arquitetônico do mundo em 2015, o Teatro Oficina Uzyna Uzona foi idealizado por Lina Bo Bardi em 1991, apesar da companhia existir desde 1958. Encabeçado pelo diretor Zé Celso, o lugar é reconhecido pelas experimentações ousadas em encenações de O Rei da Vela, Hamlet, Os Sertões, entre outros. Com apresentações trangressoras que se desenrolam, literalmente, nos subsolos da metrópole, o grupo Os Satyros, criado em 1989, é responsável pelas mais famosas interpretações da sexualidade violenta do Marquês de Sade no Brasil.

Entre os mais importantes palcos de São Paulo, destaca-se o Teatro Brasileiro de Comédia, inaugurado em 1948 pelo industrial Franco Zampari. Foi escola para Cacilda Becker, Paulo Autran e Fernanda Montenegro. De portas abertas desde 1952, o Teatro Popular João Caetano sedia espetáculos diversos, como dança, shows e peças infantis. Já o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, com as mesmas características de sua concepção em 1953, foi um reduto da experimentação, abrigando muitas produções de Augusto Boal que nomeia a sala principal.

O Theatro Municipal de São Paulo é um dos símbolos cosmopolitas do século XX, no Centro da cidade. Com recursos provenientes dos barões do café, a alta sociedade desejava uma casa à altura dos valores culturais europeus. Tombado em 1981, o prédio de traços neoclássicos já passou por três reformas. Outra casa da cidade é o Teatro Renault, antigo Paramount e Abril, de 1929. Sofreu um incêndio em 1969 e foi reformado em 2000. Inaugurado em 2014, o Theatro Net, localizado dentro do shopping Vila Olímpia, é palco de grandes produções da Broadway.