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Por Matheus Fernandes Edição #63

O último ninho do tucanato

Há mais de duas décadas no poder paulista, o PSDB enfrenta os desafios trazidos ao partido pela Operação Lava Jato

A pesquisa realizada pelo Datafolha em junho demonstra que os maiores índices de intenção de voto para as eleições do Governo de São Paulo pertencem ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em um cenário com o antagonismo de Paulo Skaf, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), 22% dos votos vão para o partido. Sem a presença de Skaf, esse número sobe para 36%. A preferência do eleitor paulista pelos tucanos existe há 24 anos.

Segundo Floriano Pesaro, deputado federal pelo PSDB em São Paulo, o partido teve duas fases importantes. A primeira foi a da reconstrução econômica do estado, que começou em 1995 com Mário Covas, e, posteriormente, continuou com os trabalhos de Geraldo Alckmin de 2001 a 2006. “Assumimos um estado em frangalhos, quebrado em 1995. Nos primeiros dez anos, o estado foi reordenado do ponto de vista gerencial, financeiro e orçamentário”, afirma Pesaro. O segundo estágio se deu com grandes investimentos durante os governos de José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin, como afirma o deputado. Para o político, a população de São Paulo reconhece a boa governança do partido, elegendo e reelegendo governantes tucanos.

O cientista político e professor da Universidade de São Paulo, José Álvaro Moisés, ex-secretário do Audiovisual durante o segundo mandato na Presidência da República de Fernando Henrique Cardoso, explica que “o PSDB é um partido que tremula a bandeira da austeridade”, ou seja, preocupa-se com as contas públicas e com um controle fiscal rigoroso. Talvez por Mário Covas ter sanado os déficits deixados por Orestes Quércia, filiado ao MDB na época, mais eleitores se identificaram com o partido, como defende Moisés. Edison Petenussi, sociólogo e professor do Colégio São Luís, localizado na região da Consolação, em São Paulo, acredita que a Social Democracia é uma boa saída política, que vai ao encontro do anseio do cidadão paulista. Ele ressalta, porém, que políticos da sigla estão sendo investigados em escândalos de corrupção pelo País, o que pode reduzir os índices de intenção de voto do partido em outubro de 2018.

Por sua vez, a reconstrução econômica citada pelo deputado tucano Floriano Pesaro é criticada por João Paulo Rillo, também deputado federal, que atua em São José do Rio Preto pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). “A partir de Alckmin, o que houve foi um imenso uso da máquina (partidária) pelo interior do estado”, analisa Rillo. Ao ser questionado sobre a atual força eleitoral do PSDB, responde com firmeza que o programa de governo do partido nada tem de novo a oferecer. “Estão totalmente sem rumo e, mais do que nunca, temem as urnas”, diz.

Na segunda parte da pesquisa mencionada no início dessa reportagem, o Datafolha questiona o índice de rejeição de cada candidato para o cargo ao Governo paulista. O PSDB fica em segundo lugar, com 33% das desaprovações, um ponto percentual a menos em relação ao partido mais rejeitado, o MDB com Paulo Skaf. Aliados à perspectiva proposta por Petenussi, os resultados da consulta do instituto do Grupo Folha indicam os efeitos da Operação Lava Jato na popularidade tucana em São Paulo, mostrando um possível enfraquecimento do partido nas eleições de 2018.

Seja pela reorganização do Orçamento paulista, pelos investimentos ou pelas administrações aplicadas com moderação, casos apontados por Moisés, o Partido da Social Democracia Brasileira ainda possui forte apoio dos eleitores no Estado, legitimando sua história de quase 25 anos no comando de um dos estados mais importantes do País.